Tandera é o chefe da segunda maior milícia do RioDivulgação
PM prende braço direito de Tandera que participou de reunião com pré-candidatos na Baixada
Segundo a corporação, contra ele havia em aberto um mandado pelo crime de organização criminosa
Rio - A Polícia Militar prendeu, nesta segunda-feira (8), o miliciano Rodrigo Cardoso Ferreira, conhecido como 'Digo', foragido da Justiça pelo crime de organização criminosa e homem de confiança de Danilo Dias Lima, o Tandera. Ele também está sendo investigado por participar de uma reunião com pré-candidatos às eleições de 2020 na qual foi prometido apoio aos políticos em troca de secretarias de governo, nomeações para cargos públicos, e possíveis licitações e contratos fraudulentos.
De acordo com a Polícia Militar, equipes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) realizavam um policiamento pela Linha Vermelha quando, na altura do Parque das Missões, em Caxias, na Baixada, abordaram um veículo com dois homens. Durante a verificação, foi constatado que um dos suspeitos possuía um mandado de prisão em aberto.
Ainda segundo a corporação, na 60ª DP (Campos Elíseos) agentes constataram que o suspeito faz parte da milícia de Tandera. O segundo envolvido, ainda não identificado, também foi conduzido à delegacia.
Reunião com pré-candidatos
Os políticos investigados aparecem em imagens obtidas pelo Ministério Público junto aos milicianos do grupo de Tandera. São eles: Thay Magalhães, pré-candidata à prefeitura de Mesquita em 2020; Cornélio Ribeiro, pré-candidato a prefeito de Nova Iguaçu; e Luciano Henrique Pereira, pré-candidato a prefeito de Seropédica. Nenhum deles foi eleito.
No último dia 3, a Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público, realizou uma operação que tinha como objetivo combater a milícia de Tandera. De acordo com o delegado da 48ªDP (Seropédica), Vinicius Miranda, agentes do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) prenderam seis pessoas e foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão.
De acordo com o MP, as investigações tiveram resultado após quebras de sigilo de dados telemáticos autorizadas judicialmente onde foi identificada a gravação de uma reunião entre a alta cúpula da organização criminosa e os pré-candidatos. O Gaeco ofereceu denúncia contra 17 integrantes da quadrilha, dentre os quais estão Tandera e dois políticos. Ao todo, são 25 pessoas investigadas na ação, entre elas Rodrigo Cardoso Ferreira, o Digo.
Milícia de Tandera
Danilo Dias é o chefe da segunda maior milícia do Rio e domina as regiões de Seropédica e Itaguaí, na Região Metropolitana, e outros pontos da Baixada, como o bairro KM-32, em Nova Iguaçu.
De acordo com as investigações foi possível apurar que a organização criminosa vem, por meio da prática de atos violentos e da imposição do terror, afirmando sua dominância sobre moradores e comerciantes das regiões por eles dominadas.
Nas contas de armazenamento cujos sigilos foram quebrados, foram identificados vídeos com cenas de episódios de tortura e execuções sumárias, praticadas de forma cruel. A organização também conta com uma estrutura hierárquica bem delineada, com divisão de funções e tarefas entre seus integrantes.
Nos últimos anos a associação criminosa passou a atuar de forma ainda mais complexa, buscando expandir seus negócios espúrios por meio da infiltração no poder público.
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