Ex-rainha de bateria, Thay Magalhães, é investigada pela Polícia Civil e Ministério Público por reunião com milícia do TanderaDivulgação

Rio - A pré-candidata à prefeitura de Mesquita em 2020, Thaianna Cristina Barbosa dos Santos, mais conhecida como Dra. Thay Magalhães, estava em uma das reuniões entre a alta cúpula da milícia de Danilo Dias, o Tandera. Ela aparece em uma foto obtida pelo Ministério Público durante as investigações contra o grupo criminoso. Além de Thay, outros dois políticos, também pré-candidatos das eleições de 2020, estiveram no encontro. São eles: Cornélio Ribeiro, pré-candidato a prefeito de Nova Iguaçu; e Luciano Henrique Pereira, pré-candidato a prefeito de Seropédica.
Também constam no processo da investigação, milicianos e outros suspeitos de articularem o esquema junto aos políticos. Ao todo, são 25 pessoas investigadas na ação. Veja a lista com os nomes ainda não mencionados na reportagem: Gilson Ingracio de Souza Junior, o Juninho Varão; Denys Cleberson da Silva Vieira, o Sardinha; André Felipe Mendes, o Rocha; Rodrigo Cardoso Ferreira, o Digo; Victor Valladeres Silva, o Valladares ou Bradock; Arnaldo Belo Santos, o Naldinho; Diego Leite de Assis, o Bebezão; Alex Sandro Vieira, Melecão; Higor Augustro Maciel Amendola, Faustão ou Gordão; Jackson Oliveira do Nascimento; Luiz Fernando Souza Alves; Anderson Ayrão de Siqueira; Genesdir Mendes e Warley Paul Mansur, o Arley; Daniel Alessandro da Silva Lima; Andreane Cardoso de Brito; Estela Francisco Reis; Leonardo Silva Pinheiro, o Catatau ou Leo PH; Jobson Souza Bispo, o Jobson Bispo; e Cleber José de Paula.
Seis presos
Os políticos foram alvos da operação da Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público, nesta quarta-feira (3), que tinha como objetivo combater a milícia de Tandera. De acordo com o delegado da 48ªDP (Seropédica), Vinicius Miranda, agentes do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) prenderam seis pessoas e foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão. Nove pessoas ainda estão foragidas.
Foram presos na operação os denunciados Denys Cleberson da Silva Vieira, vulgo Sardinha, Jackson Oliveira do Nascimento, vulgo Jackson, Alex Sandro Vieira, vulgo Melecão, Victor Valladares Silva, vulgo Valladares ou Bradock, Diego Leite de Assis, vulgo Bebezão, e Rodrigo Marendaz Mendes, este último preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e uso de documento falso.

Estão foragidos os milicianos Danilo Dias Lima, vulgo Tandera, Gilson Ingrácio de Souza Junior, vulgo Juninho Varão, Marcelo Morais dos Santos, vulgo Grande, Gigante, Chefão ou Eduardo, André Felipe Mendes, vulgo Rocha, Luiz Fernando Souza Alves, vulgo Fernandinho, Rodrigo Cardoso Ferreira, vulgo Digo, Anderson Ayrão de Siqueira, vulgo Leite Ninho, Arnaldo Belo santos, vulgo Naldinho, e Higor Augusto Maciel Amêndola, vulgo Faustão.
"A organização criminosa oferecia vantagens, como votos e segurança, e ao serem eleitos eles (políticos) teriam que retribuir com licitações ou fraudulentos, além de relações com outros políticos", explicou o delegado.

De acordo com o MP, as investigações tiveram resultado após quebras de sigilo de dados telemáticos autorizadas judicialmente onde foi identificada a gravação de uma reunião entre a alta cúpula da organização criminosa e pré-candidatos à prefeitura dos municípios de Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica. Em troca do apoio político da milícia em suas campanhas eleitorais, os pré-candidatos, já denunciados, prometeram entregar aos criminosos secretarias de governo, nomeações para cargos públicos, além de beneficiá-los em licitações fraudulentas. Os pré-candidatos, no entanto, não foram eleitos.

O Gaeco ofereceu denúncia contra 17 integrantes da quadrilha, dentre os quais estão Tandera e dois políticos.

Ao longo das investigações foi possível apurar que a organização criminosa vem, por meio da prática de atos violentos e da imposição do terror, afirmando sua dominância sobre moradores e comerciantes das regiões por eles dominadas. Nas contas de armazenamento cujos sigilos foram quebrados, foram identificados vídeos com cenas de episódios de tortura e execuções sumárias, praticadas de forma cruel. A organização também conta com uma estrutura hierárquica bem delineada, com divisão de funções e tarefas entre seus integrantes. Nos últimos anos a associação criminosa passou a atuar de forma ainda mais complexa, buscando expandir seus negócios espúrios por meio da infiltração no poder público.

Carro de luxo apreendido

Um carro de luxo foi apreendido durante um mandado de busca e apreensão na casa do policial militar Leonardo Silva Pinheiro, conhecido como Catatau ou Léo PH, durante a operação.

De acordo com a Polícia Militar, a 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), unidade subordinada à Corregedoria Geral da PM, também participou da diligência. O policial é lotado do 7ºBPM (São Gonçalo). Além do veículo, que era de uso pessoal do agente, dinheiro, celulares, agenda, computadores e munição foram apreendidos
Quem é Thay Magalhães
A pré-candidata esteve envolvida em confusões no Carnaval do ano passado, ao estrear como rainha de bateria da Paraíso do Tuiuti. Antes mesmo de entrar na Sapucaí, ela afirmou que não pretendia continuar na escola. A decisão foi tomada após Thay após ser duramente comparada com a princesa da agremiação, Mayara Lima, que deu show de samba no pé em um ensaio técnico e acabou viralizando nas redes sociais por conta de sua sincronia com a bateria.

Quem é Tandera
Danilo Dias é o chefe da segunda maior milícia do Rio e domina as regiões de Seropédica e Itaguaí, na Região Metropolitana, e outros pontos da Baixada, como o bairro KM-32, em Nova Iguaçu.

De acordo com a Polícia Civil, ele tem o olho de Tandera, símbolo dos Thundercats (desenho animado), tatuado no peito. E de acordo com informações obtidas pela corporação, seus principais aliados fizeram o mesmo desenho na pele. O criminoso é conhecido por seu comportamento extremamente violento. Ele faz questão de estar à frente de invasões em áreas dominadas por quadrilhas rivais, anda sempre com um fuzil e na companhia de diversos seguranças.

Ele integrava a maior milícia do Rio, quando rompeu com Wellington da Silva Braga, o Ecko, que então chefiava o grupo paramilitar. Em 2021, após a morte de Ecko, seu irmão, Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, herdou a quadrilha e manteve Tandera como inimigo.

Em agosto do ano passado, a polícia apreendeu 19 fuzis que pertenceriam à milícia de Tandera e apreendeu um carro-forte usado pelos milicianos para intimidar desafetos e para proteger criminosos durante confrontos com rivais.
Procurada, a defesa de Thay Magalhães ainda não se pronunciou. O espaço está aberto para manifestação.