Secretário de Estado de Governo anuncia expansão do Segurança Presente e criação de corregedoria
Bernardo Rossi fala da inauguração de base em Mesquita e revela planos para cidades das regiões Serrana e dos Lagos: 'O trabalho de polícia tem que ter infraestrutura de tecnologia, de inteligência e de fiscalização'
Secretário de Estado de Governo do Rio, Bernardo Rossi - Magno Segllia / Segov
Secretário de Estado de Governo do Rio, Bernardo RossiMagno Segllia / Segov
Rio - O Segurança Presente vai ganhar uma nova base, nesta segunda-feira (29). Com a inauguração em Mesquita, todos os municípios da Baixada, com exceção de Guapimirim, passam a contar com tropas do programa, que é da Secretaria de Estado de Governo (Segov), ou do Bairro Presente, da PM. Em entrevista exclusiva ao DIA, o secretário de Estado de Governo do Rio, Bernardo Rossi, anuncia outra novidades. A expansão subirá a Serra e depois chegará à Região dos Lagos, com a expectativa de bases em Petrópolis, Nova Friburgo e Cabo Frio. A criação de uma corregedoria própria também está no planos.
O pacote de benefícios traz, ainda, inovações e mais fiscalização. Além do uso das bodycams (câmeras nos uniformes), Rossi apresenta o sistema Hórus, criado e desenvolvido pelo setor de Tecnologia da Informação (TI) do programa, que é capaz de monitorar toda a atividade policial, além de fornecer a localização geográfica dos agentes. "Queremos melhorar o programa que tem a melhor avaliação popular do estado", diz o secretário.
O Segurança Presente foi criado para atender a uma demanda da sociedade, na Lapa, e se expandiu por outros bairros e municípios. A expansão está nos planos da Segov?
Temos hoje mais de 50 pedidos para a instalação de novas bases. Para todas são feitos estudos de viabilidade técnica e mapeamento da mancha criminal. Contamos com a parceria com a PM. Somos parte integrada do sistema de Segurança Pública, onde atuamos com a finalidade de reduzir os índices de criminalidade e dar sensação de segurança à população. Uma base já está em fase final de implantação, que é a de Mesquita. Vamos lançá-la nesta segunda-feira. É algo muito importante quando lembramos o quanto a população da região pede ajuda no policiamento. E posso atestar: não tem faltado empenho e recursos do governador Cláudio Castro para o combate ao crime no Rio.
Então já teremos nesta segunda-feira o policiamento do Mesquita Presente?
Imediatamente. A inauguração será às 14h, mas os policiais antes mesmo já estarão nas ruas trabalhando. Tá tudo pronto. E é importante destacar que ela nasce com uma importante parceria com a Prefeitura de Mesquita, que investiu nas obras estruturais. É uma política bacana de parcerias que nos ajuda a desenvolver o programa mais rapidamente. Mas nós não paramos em Mesquita com a ampliação do programa. Estamos planejando bases em Petrópolis, Nova Friburgo, Ilha do Governador e Região dos Lagos. Os estudos estão bem adiantados, mas não basta instalar uma base. Não basta selecionar equipes e fazer uma base de alvenaria. O trabalho de polícia tem que ter infraestrutura de tecnologia, de inteligência, de fiscalização.
As câmeras corporais nas fardas dos agentes contribuem de que forma nesta tarefa?
As câmeras são fundamentais, servem não só para proteger o bom policial contra mentiras, mas também previne possíveis abusos. Mas irão produzir muito mais: a nossa corregedoria está criando uma metodologia para usar as imagens como apoio na fiscalização. Podemos acompanhar de forma online como cada agente nosso está trabalhando, o que está fazendo, avaliar os seus índices de desempenho no combate à criminalidade nas ruas. O celular, por exemplo, é um grande aliado no combate ao crime, mas não adianta manter um policial na rua, se ele passar boa parte do seu dia olhando o celular. Tem que atuar, patrulhar, dialogar com a comunidade.
Mas os equipamentos não produzem apenas imagens para arquivo?
Não. As câmeras produzem imagens em tempo real e que podem ser usadas numa análise de amostragem. Podemos criar uma análise sistemática, baseada em dados estatísticos e verificar o que está acontecendo com determinadas equipes. Um exemplo prático é que hoje temos um sistema moderno e avançado que nos permite saber o posicionamento exato de cada agente. É o sistema Hórus, que através de celulares e rádios conecta todos os policiais com o Segurança Presente. Todas as tarefas deles geram informações que chegam até a Secretaria de Governo e são exibidas em painéis no centro de monitoramento de dados. E as imagens das câmeras serão agregadas neste enorme banco de informações que permite o cruzamento de informações, facilitando a melhoria do trabalho.
Estas informações são precisas?
Com o Sistema Hórus, desenvolvido pela nossa própria equipe de TI, temos como saber imediatamente o ponto de localização de cada agente durante o seu trabalho e em qual ocorrência ele está empenhado. Se ele solicitar informação sobre uma pessoa, por exemplo, esta consulta fica armazenada. Nesse painel, ligado ao nosso sistema, temos inúmeros pontos espalhados pelo mapa do Rio e cada um é um policial no campo de trabalho. Se clicar no ponto, temos todas as informações sobre o que ele está fazendo, o que fez no dia, o que fez na semana.
Pode antecipar mais detalhes?
Imagina a quantidade de dados conseguimos juntar num mesmo ambiente? Temos as imagens das câmeras que produzem conteúdos durante o expediente, temos os dados do Hórus sobre localização e desempenho. Além disso, os rádios e celulares também nos dão informações georreferenciadas. São várias ferramentas para aperfeiçoar o nosso trabalho.
Os dados são analisados em tempo real?
Temos um Núcleo de Inteligência e um centro de monitoramento que atuam exatamente na análise destes dados. E agora vamos aprimorar com a criação de uma corregedoria. Tomei esta medida porque o programa cresceu, se expandiu e precisamos redobrar os cuidados para atender às demandas da população com o mesmo grau de satisfação. E não quero os policiais da corregedoria atuando apenas no pós-caso, esperar acontecer para agir. A ideia é que funcione como uma agência de inteligência, que abasteça de informações o secretário, o superintendente e os coordenadores de base.
Isto significa, então, que a corregedoria vai tentar antever os desvios de conduta?
Não é nosso desejo que este trabalho seja desenvolvido apenas para analisar o desempenho dos agentes, puni-los. Não é isso. Queremos entender o que ocorre nas ruas e nos possibilite encontrar as melhores soluções para o combate à criminalidade. Toda a tecnologia da Segov foi desenvolvida para ajudar os agentes nas ruas. O Sistema Hórus é hoje o maior responsável pelos nossos espetaculares números de prisões e pelo melhor aproveitamento do tempo dos agentes e dos contribuintes. Ele acabou com a situação desagradável de levar veículos e pessoas às delegacias para verificar, em casos de suspeitas, possíveis pendências judiciais.
Então o Hórus é muito mais do que um rastreador?
Sim. Vai muito além. Se conecta a inúmeros bancos de dados. Se o policial suspeita de uma pessoa durante uma abordagem, ele verifica na hora se há pendências judiciais, confere se o carro é roubado. Tem a resposta na hora. Confirmada a suspeita, os dados são armazenados e já aparece no painel que uma pessoa foi detida. O alerta só é desligado quando ele for apresentado em uma delegacia. O mesmo vale para veículos. Isso ajudou tanto os nossos agentes, que, só no ano passado, conseguimos localizar mais de 1.000 foragidos da Justiça. É um recorde no Segurança Presente e um número muito significativo nas forças de segurança.
O programa lançou um aplicativo de comunicação com a população. Como foi isso?
O APP Cidadão Presente é uma ferramenta espetacular que aproxima a população do comando das operações. É necessário estimular os nossos clientes a contribuírem com ideias, dúvidas e necessidades. Este é um dos segredos do sucesso do Segurança Presente. O programa é muito mais do que policiar uma área, um bairro, uma cidade. É se conectar com a população. O trabalho de assistentes sociais nas bases do programa tem resultados magníficos. Nestes 10 anos, atendemos a quase 400 mil pessoas. É mais do que a população inteira de alguns municípios no Rio.
Como é feito o atendimento pelos assistentes sociais?
Cada uma das 37 bases tem um grupo de assistentes sociais que trabalha de acordo com as necessidades da região. No Centro da Cidade do Rio, por exemplo, o público que mais atendemos é a população em vulnerabilidade social. Com a chegada do inverno, fazemos os encaminhamentos para pernoites em abrigos públicos e parceiros da filantropia. Também auxiliamos na emissão de documentos, registros em cartórios e até agendamento médico. Outras bases atendem mais a mulheres vítimas da violência doméstica, crianças e doentes. É uma infinidade de serviços prestados à população e que desejamos ampliar cada vez mais.
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