Momento em que PM joga spray contra mulheres e criança durante confusão no Bateau MoucheReprodução

Rio - Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que policiais militares jogam spray de pimenta em um grupo de pessoas, onde estavam mulheres e crianças, na comunidade Bateau Mouche, na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio. O caso ocorreu na quinta-feira (8) e moradores reclamam que agentes do 18º BPM (Jacarepaguá) os agrediram.
Veja o vídeo:


Segundo a Polícia Militar, a confusão teve início quando uma equipe do Batalhão de Jacarepaguá abordou um homem que pilotava uma motocicleta "em atitude suspeita" na na Rua Esperança.

"O condutor estava com o capacete no braço, e foi-lhe pedido que utilizasse o equipamento de forma correta e que apresentasse os documentos pertinentes, e o homem recusou", afirmou em nota.

Ainda de acordo com a corporação, o homem tentou ligar a moto e fugir da abordagem, mas foi contido pelos policiais. "Neste momento, pessoas se aglomeraram em torno dos policiais e utilizaram palavras de baixo calão contra os militares".

"Novamente, o condutor tentou fugir, momento em que as pessoas presentes agrediram verbalmente a equipe. Os policiais, então, precisaram usar os meios legais e as medidas necessárias para conter a população", acrescentou.

Nas imagens, uma mulher fala que entre as pessoas, há uma grávida. "Olha só, tacando spray em uma grávida, olha o que eles estão fazendo. Qual a necessidade disso?", reclamou. Em resposta, um dos policiais diz: "Sai da p**** do portão".

Revoltados, moradores da comunidade comentaram a publicação pedindo respeito. "Jogando spray de pimenta no rosto de criança, de morador que não tem nada a ver, nós não escolhemos morar em comunidade não, nós moramos por necessidade", diz uma.

Após a confusão, o homem acatou ao pedido inicial dos policiais e foi liberado, utilizando o capacete.

Clima de tensão no Bateau Mouche

O policiamento foi reforçado no Bateau Mouche após o ataque a um veículo blindado da PM, no fim da noite de terça-feira (6), em represália pela morte do chefe do tráfico Deivid Odilon Carvalho de Oliveira, conhecido como "DVD", que ocorreu na noite de domingo (4) durante uma troca de tiros com policiais.

Na ocasião, os bandidos atiraram contra equipes do 18º BPM (Jacarepaguá) e utilizaram coquetéis molotov para dar início as chamas, que se espalharam pelo caveirão rapidamente.

No fim da noite de quarta-feira (7), a situação seguia tensa no local e mais equipes foram deslocadas para a região. Nas imagens, um grupo de manifestantes, vestindo camisas brancas, aparecem quebrando tijolos na entrada da base de policiamento de área da corporação. Enquanto os materiais de construção eram arremessados, quatro agentes do 18º BPM observavam a ação de represália. Os manifestantes que estavam no local pediam pela saída da equipe na comunidade.
Entenda a guerra no Bateau Mouche
A onda de violência teve início após a morte do chefe do tráfico da comunidade Bateau Mouche, conhecido como 'DVD', na noite de domingo (5), em um confronto com policiais militares na entrada da comunidade. De acordo com a Polícia Militar, agentes do 18° BPM (Jacarepaguá) foram atacados por um grupo de homens armados durante um patrulhamento na Cândido Benício, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio.
Ainda segundo os agentes, eles tiveram a atenção voltada para dois veículos que trafegavam na contramão na pista destinada ao BRT. Ao avistar a viatura, os suspeitos entraram na comunidade Bateau Mouche, onde efetuaram diversos disparos contra a equipe. Houve confronto e perseguição na região.
Após o fim dos disparos, militares encontraram o chefe do tráfico ferido. Ele foi socorrido com vida e levado até o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas morreu na unidade. Com ele os policiais apreenderam uma pistola, um carregador e um rádio transmissor. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga a morte de "DVD".
Já na noite de terça-feira (6), bandidos atiraram contra equipes do 18º BPM (Jacarepaguá) e utilizaram coquetéis molotov para incendiar um veículo blindado da PM dentro da comunidade. De acordo com a corporação, o ataque aconteceu em represália à morte do chefe do tráfico de drogas.