Entregador foi ameaçado por moradores do Condomínio Viamar Residence Club, em São GonçaloReprodução/Google Maps
Leonardo, então, explicou que o regulamento do iFood não obriga o entregador subir ao apartamento do cliente para concluir a entrega. Além disso, ele havia feito uma cirurgia na região do quadril há seis meses e estava com dificuldades de andar.
"Está na diretriz da plataforma, nós não somos obrigados a subir até o apartamento. A cliente desceu me xingando, falando que era um absurdo, dizendo que todo mundo subia. Ela mora no último bloco do condomínio, eu teria que ir andando até lá, sendo que ela poderia buscar na portaria", explica o trabalhador.
Leonardo, então, pediu o código de verificação para concluir a entrega do lanche à Adriana, que se recusou a dar a informação e ligou para o marido. Com a recusa, Leonardo levou o lanche de volta. Ao chegar no estabelecimento para devolver a encomenda, por volta das 22h, o entregador viu Adriana e o marido na porta do restaurante, na Estrada Francisco Nunes da Cruz, em Itaipu, em Niterói.
Em seguida, o homem, não identificado, apontou uma arma para a vítima. Segundo testemunhas, o marido da cliente tentou disparar algumas vezes contra Leonardo, mas a arma teria falhado. Adriana também teria se colocado na frente do companheiro para impedi-lo de atirar.
Assustado, o entregador tentou correr, mas esbarrou em uma moto e caiu, sofrendo ferimentos leves. Um outro colega de trabalho o socorreu e o retirou do local. O amigo de Leonardo o levou para o DPO do Cafubá, também em Niterói, onde os dois pediram ajuda aos policiais militares de plantão. Os entregadores e os agentes foram até o restaurante, mas o casal já havia ido embora.
"Eu estou muito traumatizado, não estou conseguindo trabalhar. Alguns colegas que ficam na frente desse restaurante onde tudo aconteceu me falaram que no domingo um carro preto passou por eles fazendo fotos das placas das motos. Eu trabalho como motoboy há dez anos, estou há três meses no iFood, e nunca pensei que isso fosse acontecer comigo. Eu tenho duas filhas e uma mulher, tenho família para sustentar, não posso ficar sem trabalhar, mas como volto com essa ameaça?", disse.
De acordo com o entregador, nesta terça-feira (13), seu advogado, Daniel Aguiar da Silva, vai entrar com um pedido de medida protetiva contra o marido de Adriana. As câmeras de segurança do restaurante e da rua também podem ajudar na identificação do homem e colaborar com as investigações. "A 81ª DP (Itaipu) vai entrar com um pedido para pegar as imagens das câmeras", afirmou o entregador.
Entregador não é obrigado a subir até o apartamento, informa iFood
Segundo o iFood, a obrigação do entregador é entregar no primeiro ponto de contato que existe na residência da pessoa. Se for no condomínio, esse ponto é a portaria. "Essa é a recomendação dada para os entregadores e a comunicação passada para os consumidores", explica Diego Barreto, vice-presidente de estratégias e finanças do iFood.
"Não existe obrigatoriedade de o entregador subir nos apartamentos, mas recomendamos que os clientes desçam para receber o pedido", completa Juliana Pencinato, head de Driver Safety do iFood. Ainda de acordo com a plataforma, esse mecanismo não só agiliza a entrega em si como demonstra respeito ao trabalho do entregador, que só pode fazer a seguinte entrega depois de finalizar aquela.
Um outro caso envolvendo agressão a entregadores repercutiu em abril deste ano. Foi o caso dos entregadores Max Angelo dos Santos e Viviane Maria de Souza, quando eles foram agredidos por uma moradora de São Conrado, na Zona Sul do Rio. O crime aconteceu no domingo de páscoa, no dia 9 de abril, depois que ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá, de 53 anos, se revoltou com a presença de entregadores sentados na porta de uma loja, na Estrada da Gávea, próximo ao número 847, em São Conrado.
De acordo com os entregadores, a mulher passeava com o cachorro e, ao se deparar com o grupo, cuspiu no chão e seguiu andando com o animal. Ao voltar, Viviane questionou o motivo da raiva da ex-atleta de vôlei, que se alterou e passou a ofender e agredir os entregadores.
Max Ângelo dos Santos, uma das vítimas, foi chamado de marginal e preto. Sandra também o agrediu com socos e com a guia de uma coleira de cachorro. O caso foi registrado na 15ª DP (Gávea), onde o caso segue em investigação há dois meses.
Também neste ano, outro caso envolvendo agressão contra um entregador chamou a atenção. Em fevereiro, um entregador de aplicativo de comida denunciou nas redes sociais uma discussão que teve com uma cliente no Leblon, Zona Sul do Rio, na noite do dia 26. A mulher, que não teve o nome divulgado, aparece em um vídeo se recusando a apresentar o código para liberação do sorvete que havia pedido na plataforma online para o entregador, identificado apenas como Breno.
Veja as imagens:
O trabalhador, então, tenta pegar de volta a embalagem com o produto, mas a mulher se recusa a devolver e o clima fica cada vez mais tenso entre os dois. A moradora grita pelo segurança do condomínio, que chega na discussão tentando amenizar a situação. A moradora e o entregador ameaçam chamar a Polícia Militar.Mais uma confusão entre motoboy e cliente de Ifood.
— Informe RJO (@InformeRJO) February 27, 2023
Moradora do Leblon se recusou a informar o código do iFood ontem para o entregador e quis pegar o lanche na bronca causando uma grande confusão no prédio. pic.twitter.com/dd4PmkFeQn
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