Categoria manteve greve dos professores em assembleia no dia 21 de junhoReprodução/ Sepe

Rio - Os dirigentes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe) receberam oficiais de justiça em suas casas no início da manhã desta sexta-feira (23) com intimações para que a greve dos professores na rede estadual de Educação seja interrompida. O valor da multa entregue a cinco coordenadores-gerais é de R$ 5 mil por dia, enquanto a do sindicato é de R$ 500 mil por dia.
O Sepe prepara um recurso contra a decisão do Tribunal de Justiça do Rio e a greve segue mantida até a próxima assembleia do dia 29 de junho. Para a véspera, 28, está marcada uma audiência de conciliação entre a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) e o Sepe às 15h no Tribunal de Justiça. O direcionamento de multa no CPF dos coordenadores é tido como inédito pelo sindicato.
"É uma ofensiva de criminalizar os dirigentes do sindicato. A gente nem recebe isso por mês [R$ 5 mil]. Multa para a entidade sindical, é uma prática que já acontecia. Mas, no CPF dos dirigentes é a primeira vez no Brasil todo. Estamos articulando para que outras entidades nos apoiem contra a criminalização do movimento sindical. É muito sério o que aconteceu", afirmou a coordenadora-geral Duda Quiroga.
Em assembleia realizada na quarta-feira (21) na quadra da escola de samba São Clemente, no Centro do Rio, os profissionais da educação da rede estadual decidiram pela continuidade da greve. A próxima assembleia será realizada na quinta-feira (29) da semana que vem.
No entendimento da coordenação-geral do Sepe, na última reunião, o governo não apresentou proposta para o sindicato e apenas informou sobre a "impossibilidade" de cumprir o piso. O encontro aconteceu na quarta-feira, um dia depois da Justiça ter determinado a paralisação imediata da greve. A decisão, do desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, determinou o retorno às salas de aula e afirmou que a paralisação é ilegal.
Segundo a coordenadora-geral do sindicato, Duda Quiroga, a adesão à greve caiu pouco após a decisão da Justiça, mas ainda se mantém. "O reajuste que o governo deu no decreto atende 33% da categoria e não é no salário base. Não incide no triênio, por exemplo. É um abono. Está com nome de remuneração transitória que é no CPF, não na carreira", afirmou.
A categoria iniciou a greve no dia 17 de maio e tem três principais reivindicações: pagamento do piso nacional do magistério; reajuste salarial dos funcionários administrativos e revogação do Novo Ensino Médio.
A Secretaria de Estado de Educação afirmou em que em julho, o professor que ganhava abaixo do piso nacional receberá o reajuste em seu salário, conforme decreto publicado pelo governador Cláudio Castro no Diário Oficial. "Além disso, o governo já destinou quase R$ 1 bilhão em benefícios para os profissionais do magistério, deu 20% de recomposição para todos os servidores nos últimos dois anos e colocou os salários em dia", diz o texto.

"Vamos continuar buscando o respeito e o diálogo, e espero que esses valores sejam os eixos norteadores para reposição do calendário escolar, assim como o caminho para o abono dos dias sem aula", declarou a secretária estadual de Educação do Rio, Roberta Barreto.