Rio - Quem frequenta a região do Campo de São Cristóvão, na Zona Norte, observa que, pouco a pouco, o gradil histórico que separa as pistas superior e inferior em frente ao Colégio Pedro II e à Escola Municipal Gonçalves Dias vai sendo depenado. A equipe de ODIA foi ao local e verificou um buraco já sem grades na manhã desta segunda-feira (26).
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Inaugurada em novembro de 1906, a amurada do Campo de São Cristóvão é feita em blocos de granito sobrepostos. Duas escadarias, uma em frente à outra, dão acesso à parte superior da rua. Colunas de cantaria arrematam as extremidades da mureta.
A amurada foi construída no mesmo período em que se fez o tratamento paisagístico do Campo de São Cristóvão, com o mesmo modelo de guarda-corpo do Cais Pharoux, da Praça XV, em ferro fundido, de acordo com a Secretaria Municipal de Conservação.
Vendedora de cachorro-quente no local há 15 anos, Maria Eliene, 54, não pode dizer que ficou surpresa ao chegar ao local de trabalho e constatar a falta completa do gradil no trecho em frente ao Colégio Pedro II. Ela ressalta a preocupação com a falta de proteção, em especial, no local em que circulam crianças e adolescentes.
"Está desaparecendo gradualmente desde o final do ano passado. Em frente ao colégio tiraram três barras. Na sexta-feira estava normal", relata Maria Eliene. "Toda vez que a gente chega, está faltando uma parte. É uma proteção que separa a pista em cima da outra embaixo. Pode haver algum acidente, inclusive com os estudantes do Gonçalves Dias e Pedro II", ressalta.
"Estou horrorizado. Quebraram toda a mureta antiga em frente a feira para roubar as partes de bronze. Ninguém fez nada nem comentam. Acabaram com São Cristóvão. As pedras estão jogadas ao chão, parecendo que houve um terremoto", desabafou um morador em sua rede social. "A destruição foi imensa. Não é possível que ninguém tenha visto. Isso foi um serviço demorado", disse outro homem.
A Polícia Civil do Rio afirmou que até a publicação deste texto, na tarde de segunda-feira (26), não havia identificado registro de ocorrência sobre o caso.
Não há uma tipificação específica para este tipo de crime. E os dados disponíveis no Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio referem-se ao total de furtos.
Durante o mês de maio deste ano houve 198 registros de ocorrência de furto na região da CISP 17, que inclui os bairros do Caju, Mangueira, São Cristóvão e Vasco da Gama. A variação corresponde a uma queda de 28,8% em relação ao mesmo mês no ano passado, quando houve 278 furtos registrados. Em 2020 o número de furtos no mês de maio na região foi de 66 e em 2021 foram 117 casos no mês.
A Secretaria Municipal de Conservação do Rio informou que a Gerência de Monumentos e Chafarizes já fez um levantamento de todo o trecho danificado da mureta histórica de São Cristóvão e está em fase de elaboração de orçamento para executar a recuperação da peça. A pasta mandará uma equipe ao local para fazer nova vistoria, a fim de constatar se houve outros furtos.
Histórico de furtos
O bairro imperial tem um passado recente de furtos de estruturas públicas. Em janeiro deste ano um homem foi flagrado furtando um poste de ferro que estava caído na Rua Santos Lima. Ele levou o material em um carro de supermercado. Em dezembro do ano passado, também houve registro de furtos das grades históricas.
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