Caso está sendo investigado pela 134ª DP (Campos)Divulgação.

Rio - A Polícia Civil investiga um caso de racismo em uma escola estadual em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Na sexta-feira passada (23), a dona de casa Lilian Cristina De Sousa, de 48 anos, esteve na 134ª DP (Campos) para denunciar que a sua filha de 14 anos foi chamada de "macaca" e "macumbeira" por outro estudante.
Na delegacia, a menina relatou que estava conversando com uma amiga sobre a sua religião, o Candomblé, quando um outro aluno, de 13 anos, escutou a conversa e a chamou de "macaca" e "macumbeira". A jovem, então, começou a chorar e procurou a direção da escola. O irmão da vítima, de 15 anos, soube do acontecido e foi atrás do adolescente que teria xingado a menina. O rapaz agrediu o suspeito com um soco no rosto.
"A minha filha é muito na dela, então levei um susto quando soube que tinha tido uma confusão com ela. Como a direção tem implicância com meu filho, imaginei que fosse com ele. Outros alunos me ligaram, disseram que ele tinha brigado e a diretora o expulsaria do colégio", disse Lilian ao DIA.
Ao chegar à escola, a dona de casa acionou a Patrulha Escolar do 8º BPM (Campos). Os envolvidos e as testemunhas foram encaminhados à 134ª DP (Campos) e prestaram depoimento.
Em mensagem enviada à mãe da vítima, uma outra aluna relata que presenciou os xingamentos. "Esse menino faz bullying com todos da sala, chama os outros de 'preto' e não respeita o espaço dos outros. Já aconteceu muito comigo: eu falar alguma coisa e ele começar a falar dos meus pais. Não só ele, mas os amigos dele também. Ficam chamando de 'preto', 'macaco'... Tudo que você imaginar", afirmou.
Procurada, Secretaria de Estado de Educação do Rio (Seeduc) informou que houve um desentendimento entre dois alunos no colégio. "Os pais dos envolvidos foram chamados na unidade escolar, o Conselho Tutelar foi notificado e a Patrulha Escolar acionada", comunicou em nota.
A família se mudou para Campos há cinco anos e mora na comunidade Parque Santa Rosa, em Guarus. A mãe relata que, desde a mudança, seus filhos sofrem com situações de intolerância religiosa e racismo.
Em 2019, o filho mais velho foi agredido em uma escola após um colega descobrir que ele era candomblecista. As agressões foram gravadas por outros alunos. Lilian relata que, na época, não registrou ocorrência porque ficou com medo de uma possível ligação do agressor com organizações criminosas.
"Sou mãe solteira e aprendi que educação vem de casa. Crio três filhos sozinha aqui em Campos, dentro de uma comunidade muito perigosa. Educação e valores vêm de casa. Podemos ser pobres, mas temos que ser ricos de educação e saúde", disse.