O sistema pretende evitar que o esgoto seja despejado na Baía de GuanabaraOlhoverde/Moscatelli
“A assinatura dessas duas licenças é fundamental para alcançarmos o Estado do Rio de Janeiro que queremos: com qualidade de vida para a população, respeito aos patrimônios ambientais e cooperação entre as instituições com os mesmos ideais que os nossos”, celebrou o vice-governador e secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha.
A Águas do Rio prevê ainda a construção de aproximadamente 47 quilômetros de grandes coletores, estações de bombeamento e outras estruturas, formando um cinturão de proteção da baía, além da criação de mais de 120 pontos de captação em tempo seco na capital fluminense e nas cidades de São Gonçalo, Itaboraí, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Belford Roxo, Nilópolis e Mesquita.
Enquanto a intervenção licenciada no Complexo Lagunar, que conta com investimento de R$ 126 milhões, propõe durante a primeira etapa, a instalação de 26 pontos de captação no Canal das Taxas e no Rio Arroio Fundo, ambos na Zona Oeste da capital fluminense.
Para o biólogo Mário Moscatelli, a assinatura para liberação das obras é um dia histórico de “independência ambiental” de vários ecossistemas que por décadas foram impiedosamente degradados por um tipo de visão ultrapassada que considerava o ambiente como uma latrina, no popular, como um banheiro ou local de despejo de esgoto.
O especialista reforçou ainda que já estava mais do que na hora de uma mudança e melhoria na preservação do meio ambiente. “Em relação à solução, cada um tem sua receita, fato é que até hoje, em pleno século XXI, continuamos tratando nossos corpos d’água como depósitos de esgoto sem tratamento, portanto já passou da hora de discutirmos a receita e reduzirmos imediatamente os lançamentos de milhões de metros cúbicos de esgoto nos corpos d’água”, disse.
Moscatelli citou também que mudanças já vêm sendo vistas em pequenos trechos da baía onde só havia permanentemente um estado de degradação permanente como na enseada de Botafogo ou na praia do Flamengo, mas reforça que ainda há muito trabalho a ser feito.
“Não há mágica, apenas muito trabalho pela frente para resgatar décadas de descaso com o tema saneamento, mas eu tenho uma expectativa técnica de uma melhora progressiva para os próximos 15 anos. Isso não envolve teoria, mas simplesmente conhecimento prático do que eu tenho acompanhado por exemplo na Lagoa Rodrigo de Freitas, que é atualmente um estudo de caso de como um ecossistema historicamente degradado, tornou-se um exemplo de recuperação econômica e ambiental em nossa cidade”, complementou.
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