Gabriely Ferreira, de 18 anos, deixou sua casa no dia 28 de junho, no bairro Colégio, na Zona Norte do RioReprodução

Rio - A universitária Gabriely Cristina Portela Ferreira, de 18 anos, considerada desaparecida desde a quarta-feira passada (28), afirmou que saiu de casa por livre e espontânea vontade para poder escapar de violências físicas e psicológicas cometidas pelo pai. A jovem esteve na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) na noite desta terça-feira (4) para dar sua versão sobre o caso.
Ao DIA, o advogado Jairo Magalhães, que acompanhou Gabriely na delegacia, disse que a jovem sofria agressões físicas até três anos atrás, quando a mãe, que também era vítima de violência doméstica, faleceu. Contudo, após esse período, os abusos psicológicos continuaram.
De acordo com a defesa, a universitária escreveu uma carta quando completou 18 anos explicando o motivo para sair de casa. Esse fato não foi citado pelo servidor público Márcio André Vaz Ferreira, de 44 anos, quando registrou o desaparecimento da filha na DDPA.
"Ela afirmou que ele batia nela quando era criança. Inclusive na mãe dela que faleceu. Depois da morte da mãe, não teve violência física, mas teve total violência psicológica. Por isso, quando ela completou 18 anos, ela deixou uma carta para o pai e saiu de casa exatamente por não estar aguentando mais essa violência psicológica. Ela está fazendo faculdade e quando foi procurar emprego para seguir a vida, tomou ciência que estava com esse cartaz de desaparecida. Ela esclareceu para o pai quando saiu de casa com a carta que ela saiu por livre e espontânea vontade, palavras dela. Sem influências de ninguém", disse Magalhães.
Gabriely saiu de casa, no bairro de Colégio, na Zona Norte do Rio, na quarta-feira passada (28), em direção a um shopping center em uma corrida por aplicativo solicitada por uma amiga dela. Na mesma noite, a universitária teria feito contato com essa mesma amiga usando um aparelho celular desconhecido. A defesa afirmou que a jovem só quer seguir a vida em paz.
"Ontem [terça-feira], ela esteve na Cidade da Polícia. Ela até fica com medo porque o pai entrou em contato com algumas amigas dela. Ela está tentando reconstruir a vida dela em paz. Que ela consiga ter um trabalho que tire essa imagem de desaparecida porque isso nunca aconteceu. Isso foi esclarecido ao pai quando ela completou 18 anos pela carta", completou o advogado.
Pai nega conflito familiar
Nesta segunda-feira (3), Márcio Ferreira, pai de Gabriely, disse que não sabia explicar o desaparecimento da filha já que, segundo ele, não havia conflito familiar. Para a família, não é comum a estudante ficar fora de casa sem avisar.
“Esse sumiço nos deixa intrigados, pois não houve nenhum tipo de conflito familiar. Minha filha, em momento algum, demonstrou mudança de comportamento nem tinha motivos para fugir. Ela pode ter sido coagida e estar correndo risco de vida. Acionamos a polícia, pois podem ter outras pessoas por trás desse desaparecimento. Por isso, resolvemos tornar público e pedir ajuda. Ela pode estar em poder de criminosos”, disse o pai antes de saber o motivo de a filha sair de casa.
Questionada sobre os próximos passos do caso com o aparecimento da universitária, a Polícia Civil não respondeu. O espaço está aberto para manifestação.