Animal fazia parte das 18 girafas trazidas da África em novembro de 2021Divulgação

Rio - A quarta girafa importada da África do Sul para o Bioparque do Rio morreu na manhã deste sábado (08). O animal fazia parte das 18 girafas trazidas em novembro de 2021 ao zoológico em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. No ano passado, três girafas também morreram no Resort e Safári Portobello, em Mangaratiba, na Costa Verde.

Na época, os animais fugiram da área de adaptação onde estavam e chegaram a ser recapturados, mas acabaram morrendo.

Já em março desde ano, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou quatro pessoas envolvidas na importação das girafas, entre eles o gerente técnico e o diretor de operações do BioParque por maus-tratos contra as 18 girafas.

Em comunicado oficial, o BioParque lamentou o falecimento e informou os animais passam por exames preventivos e nos procedimentos de rotina, identificaram a presença de um parasita, Haemoncus sp, em seis deles. Uma das girafas apresentou resistência a um tratamento e não resistiu.

Confira o posicionamento na íntegra
"É com pesar que o BioParque do Rio comunica o falecimento de uma das girafas que faz parte do seu plantel, na manhã deste sábado, 8 de julho.
Os animais passam regularmente por exames de medicina preventiva, realizados por um corpo técnico formado por biólogos e médicos veterinários. Durante os exames de rotina, a equipe identificou o parasita Haemoncus sp em seis animais. O comitê técnico, formado por seis médicos veterinários, imediatamente iniciou um protocolo medicamentoso, colocando os animais em recinto isolado e sob observação intensiva.
Cinco animais responderam rapidamente ao tratamento.
Todavia, um deles apresentou resistência ao medicamento. Durante a última semana a equipe técnica iniciou outros protocolos de tratamentos. No entanto, infelizmente, houve uma deterioração súbita do estado clínico do animal ao longo desta madrugada, levando-o a óbito.
A causa da morte será confirmada após a necropsia do corpo, que será realizada com o acompanhamento dos órgãos competentes", informou a nota.

Entenda o caso

Em 11 de novembro de 2021, as 18 girafas chegaram ao aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro, em um avião Boeing 747-200 cargueiro (Jumbo) fretado para trazê-las da África do Sul ao Brasil. O desembarque dos animais ocorreu no Terminal de Carga do aeroporto, sendo acompanhado por servidores do Ibama, da Receita Federal, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e de técnicos do próprio BioParque.
Depois os animais foram transportados para uma área no Resort Portobello, em Mangaratiba, onde ficariam temporariamente aguardando transferência para o BioParque. Poucos dias depois, em 14 de dezembro, cinco girafas fugiram do confinamento. Logo após a recaptura, três morreram. A causa da morte teria sido uma doença muscular, chamada miopatia, conforme atestado no laudo de necropsia elaborado por veterinários do próprio BioParque.

De acordo com a denúncia, a doença que levou os animais à morte decorreu do intenso sofrimento e extremo estresse. “As girafas, após serem retiradas da natureza, estavam em cubículos, chegando cada uma a ficar em um espaço de 10 m², situação de confinamento claustrofóbico” ao qual foram submetidas durante a fase de ambientação, sustenta o procurador da República Jaime Mitropoulos, na peça acusatória.

Instrução normativa do Ibama prevê que o espaço adequado para cada dois animais desse porte, provenientes de vida livre, é de 600 m², sendo que as baias do resort tinham pouco mais de 30 m². “Tanto as girafas que morreram quanto as sobreviventes não receberam condições de acolhimento minimamente dignas dispensadas pelos responsáveis por sua importação e manutenção em cativeiro”, conclui o MPF.