Paciente segue aguardando na Unidade Pré-Hospitalar do Parque Equitativa e não tem previsão de transferênciaReprodução / Google Street View

Rio - Parentes de Eugênia Maria Pereira, de 77 anos, que sofreu um AVC na terça-feira passada (4), denunciaram a demora para transferi-la da Unidade Pré-Hospitalar Parque Equitativa, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para um hospital especializado, que tenha leito de Centro de Tratamento Intensivo (CTI). De acordo com a Secretaria de Saúde do município, o estado da idosa é estável, no entanto, familiares afirmam que ela teve piora no estado de saúde.
Na tarde de segunda (10), a paciente foi levada ao Hospital Moacyr Rodrigues do Carmo para realizar um exame e ser avaliada por um nefrologista. Na unidade de saúde não foi possível encontrar uma vaga no CTI para idosa, e, por isso, ela retornou para a UPH.
Eduardo Soares, sobrinho de Eugênia, mora em Bonsucesso, na Zona Norte, e devido à distância não consegue estar presente para acompanhar o quadro de saúde da tia e conta com a ajuda de uma amiga para conseguir informações sobre Eugênia. Segundo ele, a UPH Parque Equitativa não atende suas ligações e, por isso, não consegue ter acesso a informações sobre o estado da idosa.
"O telefone de lá [UPH] só chama e ninguém atende. Eu moro em Bonsucesso, não moro perto dela. Ela mora em Nova Campina, em Caxias. Sabe? Há um silêncio. Há uma omissão, ninguém fala nada e cria-se um clima de apreensão para toda a família, porque não sabemos o que está acontecendo. Contamos com uma amiga que mora lá e tem sido essencial, mas não dá para ela ir sempre", explicou o sobrinho.
Ainda segundo Eduardo, a tia está com um lado do corpo paralisado e não consegue reconhecer pessoas. "O descaso da parte deles é nítido. O estado dela piorou drasticamente nesses últimos três dias. Até sexta passada ela começou a interagir, agora não mais. Sei que minha tia não resistirá muito, mas quero que ela tenha ao menos um fim de vida digno, longe de uma UPA. Minha amiga foi visitar ela hoje e o estado que viu era horrível. Minha tia está machucada e para piorar está fazendo diálise", revelou.
Ao sobrinho de Eugênia, os responsáveis administrativos do local informaram que houve diversas solicitações de internação para três hospitais: uma para o Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, duas para o Hospital Geral Federal de Bonsucesso e outra para o Hospital Federal do Andaraí. Porém, a resposta foi a mesma: não há vagas no momento.
Procurada pelo DIA para esclarecer a demora pela transferência de Eugênia, a Secretaria Municipal de Saúde de Caxias informou que a paciente está regulada no Serviço Estadual de Regulação (SER-RJ), aguardando a liberação de vaga para a sua transferência para um hospital especializado. "A direção médica da UPH Parque Equitativa informa que, enquanto aguarda a vaga pela regulação, a paciente está sendo acompanhada pela equipe médica da UPH Equitativa e por um nefrologista, no Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo (HMMRC). Por recomendação do nefrologista, foi realizada diálise no HMMRC nesta segunda-feira (10), e a paciente deverá repetir o procedimento nesta terça-feira (11)", informa a nota.
A direção da unidade ainda ressaltou que, apesar do quadro de AVC e diálise, a paciente está estável e respondendo bem aos procedimentos realizados na unidade, até o momento. "A Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias esclarece que não tem autonomia sobre a regulação e liberação de vagas junto ao SER e que aguarda a autorização do mesmo para a transferência da paciente", concluiu.
Procurado para esclarecer o motivo da falta de vaga nos hospitais federais, o Ministério de Saúde ainda não se manifestou sobre o caso.