Quando a chacina fez 28 anos, o 'Candelária Nunca Mais!' realizou atos na frente da igreja Reprodução / Redes sociais
Trinta anos após Chacina da Candelária, atos homenageiam vítimas no Centro
Na madrugada de 23 de julho de 1993, policiais abriram fogo contra mais de 70 pessoas que dormiam em volta da igreja. Oito jovens morreram
Rio - O movimento "Candelária Nunca Mais!" começou, nesta sexta-feira (21), uma série de atos que vão acontecer até a próxima segunda-feira (23), um dia depois que a Chacina da Candelária completa 30 anos. A maioria das manifestações acontecerá em frente à igreja, no Centro do Rio.
Dentre os atos desta sexta-feira, está a vigília de mães e familiares que tiveram filhos assassinados pela violência e acontecerá a partir das 18h, na frente da Igreja da Candelária. Às 9h, foi realizado um encontro virtual entre autoridades municipais, cujo o tema debatido foi: Política Estadual de Prevenção e Enfrentamento aos Homicídios de Crianças e Adolescentes.
O "Candelária Nunca Mais!", criado logo após a chacina, é formado por diversas instituições e segmentos da sociedade. Márcia Gatto, uma das coordenadoras do movimento, comentou sobre o objetivo dos atos. "Temos um número absurdo de homicídios contra jovens no estado. Por isso, a urgência. A gente faz essa manifestação há 30 anos, pois lembrar é resistir", disse ela ao DIA.
No domingo (23), dia que completa 30 anos do trágico episódio, haverá uma mobilização de forma virtual e não terá ato em frente à igreja. A Candelária não abriu mão de suas tradicionais atividades e, por isso, o movimento decidiu transferir as principais manifestações para o dia seguinte.
Já na segunda-feira (24), às 9h, o grupo vai lavar a escadaria da Igreja da Candelária e uma hora depois será celebrada uma missa. Ao meio-dia, terá a "Caminhada em Defesa da Vida" pela Avenida Rio Branco. E para fechar a série de manifestações, a partir das 13h, o movimento vai promover um "Ato Público Cultural e Ciranda Candelária 30 anos" na Cinelândia, também no Centro do Rio.
A Chacina da Candelária
Na madrugada de 23 de julho de 1993, próximo à Igreja da Candelária, policiais abriram fogo contra um grupo de crianças e adolescentes, em situação de rua, que dormiam no local. Oito deles morreram. O episódio ficou conhecido mundialmente como Chacina da Candelária.
Pouco antes da meia-noite, um táxi e um Chevette, com placas cobertas, pararam na frente da igreja. Em seguida, os ocupantes atiraram contra cerca de 70 pessoas, a maioria adolescentes, que estavam dormindo na rua. As investigações descobriram que os autores dos disparos eram policiais. Além das vítimas fatais, vários jovens ficaram feridos.
"Quem mais morre, vítimas desta violência, é negro e pobre", completou Márcia Gatto.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini
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