Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, recebe reforço na segurançaArquivo/ Marcos Porto/Agência O Dia

Rio - Nove unidades de urgência e emergência do município do Rio de Janeiro passaram a contar com guardas municipais de plantão 24 horas. A medida foi implementada na última sexta-feira (21), cinco dias depois que a médica Sandra Lúcia Bouyer Rodrigues foi agredida por um homem e a filha no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, na Zona Norte. Em decorrência da violência dentro da unidade, uma idosa morreu.
Hospitais municipais contemplados com o reforço
- Souza Aguiar
- Miguel Couto
- Salgado Filho
- Lourenço Jorge
- Albert Schweitzer
- Rocha Faria
- Pedro II
- Francisco da Silva Telles 
- Evandro Freire
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a pasta também entrou em contato com a Polícia Militar na última semana solicitando o retorno da presença de um PM em cada unidade hospitalar para cuidar da segurança pública. No entanto, até o momento, o reforço não foi implementado.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) também solicitou apoio da Polícia Militar. Segundo o órgão, nos últimos meses o Conselho se reuniu, por mais de uma vez, com o secretário de Estado e comandante-geral da PM, o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, para avaliar medidas em favor da segurança dos médicos nas unidades de saúde. A autarquia também teve reuniões sobre o assunto com representantes do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) e da diretoria de saúde da corporação.

Em junho deste ano, o Cremerj também aprovou a Resolução nº 344/2023, que determina que todas as unidades de saúde do estado do Rio de Janeiro forneçam segurança para garantir a integridade física dos médicos e demais profissionais que atuam nesses estabelecimentos.

"Os números são preocupantes. É inadmissível que um médico seja agredido durante o seu exercício profissional. O que vimos nesta semana, quando uma médica foi covardemente agredida, infelizmente não foi pontual. Por isso, estamos buscando meios para aumentar a segurança para os médicos em seu ambiente de trabalho", afirma o presidente do Cremerj, Guilherme Nadais.
O que diz a PM
Segundo a PM, a corporação atua em 22 unidades públicas de saúde em todo o estado do Rio, além de manter os batalhões de área atentos às movimentações atípicas no perímetro de postos, clínicas e hospitais das redes municipais, estaduais e federais.

A cada três dias um médico é agredido durante o exercício profissional no RJ, aponta Cremerj

A cada três dias um médico sofre algum tipo de agressão durante a atividade profissional no estado do Rio de Janeiro. É o que aponta um levantamento do Cremerj, no período de dezembro de 2018 a junho de 2023. Os dados são do Portal da Defesa Médica, lançado pelo Cremerj em novembro de 2018, com o intuito de agir com celeridade em casos mais graves, como de agressão e de exercício ilegal da medicina.

Com relação aos casos de violência durante a atividade profissional, o Portal da Defesa Médica do Cremerj contabilizou, no mesmo período, 546 ocorrências de médicos que sofreram algum tipo de agressão, seja ela física ou verbal. A situação nas unidades públicas é a mais complicada. De todos os episódios contabilizados, 67% aconteceram nessa rede.

De acordo com o levantamento, 75 médicos foram agredidos fisicamente no ambiente de trabalho, de dezembro de 2018 a junho de 2023. O caso mais recente aconteceu com a médica Sandra Bouyer, que levou socos e pontapés durante o seu plantão no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá – situado na Zona Norte da capital –, no último dia 16 de julho. Enquanto Sandra estava sendo agredida, uma paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória e não pôde ser socorrida pela médica. A paciente foi a óbito. Já Sandra precisou levar pontos na boca e teve escoriações pelo corpo.

Médicas são as principais vítimas de agressão

A maioria das agressões registradas pelo Cremerj ocorreu contra mulheres – em torno de 61% dos casos. Ainda sobre as médicas, só este ano, de janeiro a junho, 62,5% dos episódios de agressão aconteceram contra elas.

Com o Portal da Defesa Médica, o Conselho oferece aos profissionais que registram a violência sofrida em sua plataforma orientação sobre como proceder nessas situações. O meio também permite informação mais abrangente para ações mais precisas.