Leny Andrade e Dóris Monteiro nos deixaram nesta segunda-feiraMarcos Ramos/Agência O Globo

Rio - As cantoras Leny Andrade e Dóris Monteiro serão veladas juntas no Theatro Municipal do Rio, no Centro, das 10h às 13h. A cerimônia será aberta ao público. As veteranas eram muito amigas e morreram no mesmo dia, nesta segunda. 
Ícone do jazz brasileiro, samba e bolero, Leny morreu aos 80 anos, vítima de pneumonia e broncopatia inflamatória. Ela estava internada no Hospital de Clínicas de Jacarepaguá, na Zona Oeste. Já Dóris Monteiro morreu em casa, aos 88 anos, de causas naturais. Após o velório, o corpo de Dóris será cremado no Crematório do Catumbi. 
Diva do Jazz Brasileiro
A carioca Leny Andrade foi um dos grandes nomes da música brasileira e tem 34 álbuns lançados entre 1961 e 2018, entre eles "A Sensação", de 1961, e "Estamos aí", de 1965. Sua última música foi gravada em 2022, em parceria com o pianista Gilson Peranzzetta, para festejar seus 80 anos.
A artista era amiga de Tony Bennet, que morreu na última sexta-feira. Leny se orgulhava de ser a intérprete de canções de compositores como Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994), Djavan, Ivan Lins e Roberto Menescal, entre outros.
A veterana ganhou o Grammy Latino em 2007 juntamente com Cesár Camargo Mariano e foi considerada pelo jornal New York Times como “um misto de Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald da bossa nova”.
Precursora da Bossa Nova
Uma das percursoras da Bossa Nova, Doris Monteiro, carioca, nasceu em outubro de 1934, e começou a cantar profissionalmente ainda no fim da adolescência, durante a década de 40. Nos anos 50, a artista já era considerada uma das maiores intérpretes do país.
Contratada pela Rádio Tupi, aos 16 anos a artista se apresentava no Copacabana Palace, com a mãe ao lado, por ainda ser menor de idade. Em 1951, foi convidada para gravar seu primeiro disco. O jornalista e pesquisador da Música Popular Brasileira, Ricardo Cravo Albin, lamentou a morte da cantora. "A perda de Doris é lamentável para a música brasileira, ela era uma grande artista. Ela fazia parte de uma leva de cantoras que faziam sucesso no disco, na rádio e na televisão", disse ele ao O Dia.
Durante sua carreira, Doris gravou canções de grandes compositores, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Dolores Duran, Billy Blanco, Chico Buarque, Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Entre seus sucessos, estão as faixas "Mocinho Bonito", "Dó-Ré-Mi" e "É Isso Aí".
A artista também se aventurou na carreira de atriz, e consolidou seu trabalho em atuações no cinema, em filmes como "Agulha no Palheiro", "A Carrocinha" e "De Vento em Popa".
O jornalista e escritor Rodrigo Faour também lamentou a perda, e fez publicação uma publicação no Instagram para Doris e Leny Andrade, cantora que também veio a falecer nesta segunda-feira. "Duas cantoras modernas, duas estilistas da canção, duas amigas que se vão. Carreiras longevas. Ambas começaram adolescentes e renovaram a música moderna brasileira. Até um dia!", escreveu ele.
Com mais de 15 discos gravados, Doris Monteiro se tornou uma das vozes femininas mais consolidadas no Brasil. Em 2020, a cantora chegou a se encontrar com Claudette Soares e a Eliana Pittman para gravar em estúdio um disco com o registro do show "As divas do sambalanço", apresentado pelo trio ao longo de 2019.