Rio - O Edifício Joseph Gire, também conhecido como 'A Noite', na Praça Mauá, no Centro do Rio, vai se tornar um prédio residencial de luxo. O primeiro arranha-céu da América Latina, inaugurado em 1929, foi vendido pela prefeitura do Rio, na tarde desta terça-feira (25), para a empresa QOPP, que integra o Grupo Vetorazzo, e a carioca Konek Transformação Imobiliária, por R$ 36 milhões.
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No dia 31 de março deste ano, o município adquiriu o imóvel histórico por R$ 28,9 milhões após tentativas frustradas de negociação do Governo Federal. Agora, conforme estimado em contrato, o grupo ganhador da concorrência deverá repassar à prefeitura metade dos lucros que forem gerados pelos incentivos do projeto municipal Reviver Centro, cerca de R$ 24 milhões.
Durante a apresentação do projeto luxuoso, os arquitetos responsáveis Duda Porto e André Alvarenga mostraram que o prédio terá 424 apartamentos entre 30 e 48 m², 23 unidades duplex no 21º andar, implantação de um bar no 22º andar com lounge aberto ao público, salão gourmet, salão de jogos, cinema, spa e academia exclusivos para os moradores.
O projeto prevê ainda acesso público ao terraço, em um futuro restaurante com vista para a Praça Mauá, e um centro cultural da Rádio Nacional.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, também esteve no evento para acompanhar o anúncio. "Esse aqui é um dos momentos mais importantes da nossa história recente na cidade. Estamos dando vida novamente a um prédio histórico e tão bonito, que simboliza o que temos feito por essa região. A gente não quer que o Rio volte a ser o que foi, mas que tenha o protagonismo no futuro. Esse lugar tão especial, tão símbolo do Brasil. Isso aqui nos permite apontar para o futuro. Buscar algo do passado para dizer que essa cidade surge, olha para frente. E aqui tem uma nova região central, com gente vivendo, trabalhando, com menos deslocamentos. E esta venda é muito simbólica em relação ao que a gente espera do Centro do Rio", disse Paes, acrescentando: "esse gigante de concreto armado é testemunha de que os tempos mudam e que as cidades, assim como os homens, se renovam e se adaptam para continuar vivos. O Edifício A Noite deixa de ser um símbolo do passado para ser um símbolo do futuro".
A previsão é que as obras iniciem em setembro de 2024 e durem cerca de 18 meses. O grupo que comprou o edifício vai pagar o valor de R$ 36 milhões em 34 parcelas para a prefeitura do município.
Sobre o edifício
O Edifício 'A Noite', construído na década de 1920, no Centro do Rio de Janeiro, é tido por muitos como um dos grandes marcos da arquitetura brasileira. Considerado o maior prédio da América Latina na época da sua inauguração, em 1929, foi batizado em referência ao jornal homônimo sediado no local. O arranha-céu de 22 andares e 102 metros de altura, em estilo art déco, também foi a casa da vanguardista Rádio Nacional, emissora de maior audiência do país na época, além de consulados e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Inaugurado de frente para a Praça Mauá e com o cenário da Baía de Guanabara ao fundo, o edifício foi projetado pelos arquitetos Joseph Gire, nome por trás do Copacabana Palace e do Hotel Glória, e Elisiário Bahiana. Em 1936, recebeu a moradora mais ilustre: a Rádio Nacional.
Pelos corredores dos quatro andares ocupados pela emissora passaram nomes como as cantoras Emilinha Borba, uma das intérpretes mais populares da Rádio Nacional, e Marlene, além de outros grandes artistas da música popular brasileira como Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso.
Foi no ano de 1940, por conta de dívidas com o Governo Federal, que o prédio passou a ser propriedade da União. Tombado em 2013 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pelas suas características arquitetônicas e históricas, tornou-se ícone da região portuária da cidade.
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