Muito abalado, pai de T.M.F recebeu abraço coletivo de colegas do filhoPedro Ivo/Agência O Dia
Comoção e homenagens marcam velório de adolescente morto na Cidade de Deus
T.M.F, de 13 anos, foi baleado na comunidade na madrugada de segunda-feira. Parentes dizem que PMs são responsáveis pela morte
Rio - Familiares e amigos se reuniram, nesta terça-feira (8), na Igreja Evangélica Congregacional da Cidade de Deus (IECCDD), na Zona Oeste do Rio, para dar adeus ao adolescente de 13 anos morto na comunidade. Parentes e moradores da região acusam policiais militares de terem matado T.M.F a tiros, na madrugada de segunda-feira (7). O velório do menino foi marcado pela comoção e homenagens da família e de colegas. O corpo da vítima será sepultado às 16h, no Cemitério do Pechincha.
Na despedida, pessoas usavam camisas com os dizeres "saudades eternas" e pedindo justiça pelo adolescente. No local, ainda foram exibidos trófeus, uniforme e a chuteira do menino, que havia sido aprovado no teste de um clube júnior de futebol, o Serrano Futebol Clube. Parentes e amigos não conseguiram conter a emoção e choraram durante o velório. Muito abalado, o pai do menino chegou a receber um abraço coletivo de colegas do filho do projeto social Canelinhas Futebol Clube.
Familiares de T.M.F afirmam que tiveram acesso a imagens que mostrariam o momento em que um policial militar do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) atira contra o jovem. Segundo eles, o vídeo foi registrado pela câmera de segurança de um borracheiro, que fica próximo ao local onde o menino foi morto, mas os agentes teriam conseguido apagar o momento da suposta execução.
A Polícia Civil informou que a investigação está em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e que os agentes estão analisando imagens e realizam diligências em busca de outras câmeras instaladas na região. "As armas dos policiais militares envolvidos na ação foram apreendidas para exame de perícia. Testemunhas estão sendo ouvidas e outras diligências estão sendo realizadas para elucidar a morte". A PM também instaurou um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias da ação.
Nesta terça-feira, o policiamento segue reforçado na Cidade de Deus, após uma noite de tensão, durante um protesto pela morte da vítima, que ocupou a Estrada Miguel Salazar Mendes de Moraes e outras ruas da região. Segundo relatos, PMs jogaram gás lacrimogêneo contra os manifestantes e atiraram contra o grupo. Já a corporação disse que manifestantes atiraram pedras contra os policiais e tentaram vandalizar viaturas e objetos públicos, além de tiros terem sido disparados de dentro da comunidade.
A Polícia Militar afirmou ainda que o Batalhão de Controle de Multidão (Recom) foi acionado em apoio e que, para estabilizar a situação, "as equipes precisaram usar os meios necessários e utilizaram armamento de menor potencial ofensivo". A corporação informou que não houve registro de feridos ou equipe no interior da Cidade de Deus.
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