Familiares e amigos do adolescente ficaram emocionados durante o sepultamentoPedro Ivo

Rio - O corpo do adolescente morto em ação da PM na Cidade de Deus foi enterrado, na tarde desta terça-feira (8), no Cemitério da Pechincha, na Zona Oeste do Rio. O jovem T.M.F, de 13 anos, recebeu diversas homenagens de amigos, familiares e moradores da comunidade, que se emocionaram durante a despedida.
Ele foi morto a tiros durante uma ação da Polícia Militar na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio. Os familiares do adolescente defendem que os disparos foram feitos por agentes do Batalhão de Polícia Militar do Choque (BPChq). 
O caixão ficou coberto por papéis com desenhos e recados escritos por colegas do rapaz, além de camisetas de futebol. Alguns dos presentes levaram balões e flores brancas. Os pais de T.M.F se emocionaram em diversos momento, assim como as dezenas de crianças que apareceram para se despedir do amigo. Abalado, Diogo Flausino, pai do menino, mostrou as feridas causadas pelas balas de borracha disparadas pelos policiais.
O velório, que aconteceu na parte da manhã, também ficou marcado pela comoção das pessoas presentes na Igreja Evangélica Congregacional da Cidade de Deus. Muitos utilizavam camisas com os dizeres "saudades eternas", "justiça por T.", o nome do rapaz, além de fotos da vítima. Troféus, uniforme e chuteira dele também ficaram expostos na cerimônia.
Emocionado, o pai do menino recebeu um abraço coletivo de amigos do filho do projeto social Canelinhas Futebol Clube. Recentemente, o adolescente havia sido aprovado no teste de um clube júnior de futebol, o Serrano.
"Ele estava passeando de moto com um amigo em uma das ruas da Cidade de Deus, onde foram abordados já a tiros. Uma bala pegou na perna do jovem e ele caiu. [Pelas imagens], dá para ver o T. M F. no chão ainda vivo e o policial vai lá e acaba de executar", contou o tio da vítima, o pintor Hamilton Menezes, na manhã de segunda-feira.
Logo após a morte do menino, moradores da Cidade de Deus protestaram na Estrada Miguel Salazar Mendes de Moraes, uma das principais da região, e fecharam a Rua Pintor Leandro Joaquim. Os manifestantes atearam fogo em entulhos e derrubaram lixeiras nas vias, enquanto policiais do BPChq utilizaram gás lacrimogênio e balas de borracha. A comunidade amanheceu com policiamento reforçado nesta terça-feira. 
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Em nota, a Polícia Militar afirmou que uma equipe estava em patrulhamento na esquina da Estrada Marechal Miguel Salazar com a Rua Geremias quando dois homens em uma moto atiraram contra os militares, iniciando confronto.
Ainda de acordo com a corporação, foi aberto um procedimento interno para apurar as circunstâncias da ação. As armas dos policiais envolvidos na ocorrência foram apreendidas.