José Murilo de Carvalho era imortal da Academia Brasileira de LetrasDivulgação/ABL

Rio - O historiador José Murilo de Carvalho, de 84 anos, morreu na madrugada deste domingo (13), vítima de complicações decorrentes da covid-19. Imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), o intelectual estava internado no Hospital Samaritano, no Rio. O velório acontecerá nesta segunda-feira, na sede da ABL, no Centro da cidade, a partir das 9h. Às 13h, o corpo do acadêmico será enterrado no Mausoléu da instituição, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul.
A morte de José Murilo foi lamentada pelo professor Marco Lucchesi, imortal e presidente da Biblioteca Nacional: "Um dos grandes intérpretes do Brasil. Renovou a historiografia a partir da segunda metade do século XX com livros fundamentais que ocupam espaço assegurado. (...) José Murilo foi uma das pessoas mais probas, honestas, corretas, que eu jamais conheci em toda a minha vida. José Murilo tinha um compromisso ético fundamental de que ele não abria a mão, severo, atento, responsabilíssimo, mas um homem de grande coração. Com grande saudade, José Murilo, eu me despeço de você num abraço muito, muito fraterno e amoroso", declarou o escritor, em vídeo publicado no Twitter.
A autora Lilia Schwarz também se despediu do historiador: "Zé Murilo era uma espécie de pai por eleição de uma série de historiadores e cientistas políticos dentre os quais humildemente me incluo. (...) A eternidade há de cuidar bem de quem tanto cuidou da nossa memória cívica, crítica e cidadã. Ele continuará presente por meio da vasta obra que deixa; um modelo de como a história cuida de lembrar do que procuramos esquecer. Zé Murilo nunca nos deixa esquecer", escreveu ela.
Nascido em Andrelândia, Minas Gerais, José Murilo de Carvalho é considerado um dos maiores historiadores e intelectuais brasileiros. Foi bacharel em sociologia e política pela UFMG, mestre em ciência política pela Universidade de Stanford, na California, onde defendeu tese sobre o Império Brasileiro.
Também atuou como professor e pesquisador visitante nas universidades de Oxford, Leiden, Stanford, Irvine, Londres, Notre Dame, no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, e na Fundação Ortega y Gasset em Madrid. Foi professor emérito da UFRJ e pesquisador emérito do CNPq.
Eleito para a ABL em 2004, ocupava a cadeira nº 5. Escreveu 19 livros, entre eles “A Formação das Almas”, “A cidadania no Brasil”, e “Os bestializados”. Fazia parte também da Academia Brasileira de Ciências.