PM Francisco de Assis Ferreira Pereira, que se apresentou como dono do terreno Divulgação
Às autoridades, o PM Rafael disse que é amigo do policial Francisco Assis e esteve no local a pedido dele, pois haviam pessoas tentando invadir. Uma semana depois do ocorrido, policiais da 42ª DP retornaram ao terreno para cumprir uma ordem policial de interdição, no entanto não conseguiram cumprir o mandato porque o terreno foi trancado com correntes e cadeados. Um vigilante que estava cuidando do espaço atendeu a equipe policial informando que entrou em contato com o PM Francisco e que ele o orientou abrir o portão somente com uma ordem judicial.
Ao DIA, a filha do empresário, que pediu para manter sigilo sobre a sua identidade, contou que Francisco não tem como provar que o terreno pertence a ele. "Temos um laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) que comprova que houve adulteração em várias folhas da suposta escritura. É um laudo de um órgão público, não foi de nenhuma empresa privada, isso reforça ainda mais a veracidade do resultado. Além disso, o cartório que lavrou o documento é o 7º Ofício de Notas de Niterói, que foi interditado por fraudes", diz.
No documento periciado pelo ICCE, ao qual o DIA teve acesso, consta que houve adulteração em três folhas. No laudo, foi concluído que houve "substituição de folha" e "selo de fiscalização com marca de carimbo descontínua".
Ainda segundo a filha do idoso, seu pai comprou o terreno há mais de 20 anos. No processo, que tramita na 7ª Vara Cível da Barra da Tijuca, a defesa da filha do empresário anexou comprovantes de contas de luz e outros gastos do terreno com datas antigas. Vizinhos também se colocaram à disposição para prestarem depoimento sobre a presença da família no terreno, antes da invasão.
A denunciante diz que há outras provas anexadas no processo que comprovam que o seu pai é o verdadeiro dono. "Tenho ata notarial onde o antigo dono fala que vendeu para o meu pai e que nunca viu o policial Francisco. Além disso, se esse policial realmente tivesse comprado o terreno na época que meu pai comprou, ele teria 17 anos na data da compra. Não faz sentido", diz.
O caso está em andamento no Tribunal de Justiça do Rio e também é acompanhado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ). A Polícia Militar disse que até a presente data não houve comunicação formal sobre o fato à corporação, no entanto, diante da denúncia, o comando do 39° BPM (Belford Roxo), onde o militar é lotado atualmente, instaurou um procedimento apuratório e acionou a Corregedoria da Corporação para verificar o caso.
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