Civil realiza perícia no Morro do DendêCleber Mendes / Agência O Dia

Rio - Cinco dias após a morte da menina Eloáh Passos, de 5 anos, agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e da Coordenadoria de Recursos especiais (Core) realizam perícia, nesta quinta-feira (17), no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. A criança foi atingida no peito por um tiro de fuzil enquanto brincava dentro de casa, que fica na comunidade. 
Segundo a Polícia Civil, não havia segurança suficiente para realizar a perícia nos dias anteriores. O objetivo é esclarecer de onde partiu o disparo que atingiu a menina. Fragmentos de projétil que foram encontrados no corpo de Eloáh passaram por perícia e serão comparados com os projéteis usados por policiais militares que estavam na ação.
O tiro atravessou a janela do quarto, atingiu a menina e deixou as cobertas da cama ensanguentadas. Eloáh chegou a ser socorrida para o Hospital Municipal Evandro Feire, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
A menina foi baleada durante momentos de tensão nas proximidades da comunidade após um adolescente, de 17 anos, também morrer baleado. A morte teria provocado a revolta de moradores que desceram o Morro do Dendê para realizar um protesto.
Versões da família e da PM
Ao DIA, o tio de Eloah, Michael Abe, 43, disse que não havia troca de tiros no momento em que a sobrinha foi ferida. A família afirma que o disparo partiu de policiais militares que atuavam na região. "Não teve troca de tiros, não teve operação e não teve confronto. Teve foi uma polícia despreparada. O tiro nunca ia vir de cima como estão falando", disse ele.
Já a PM afirma que, enquanto reforçavam o patrulhamento na comunidade, os policiais foram atacados a tiros e manifestantes fecharam as vias no entorno, atiraram pedras contra as viaturas e as equipes. O Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) e o Grupamento Aeromóvel (GAM) atuaram na ação.
Policiais afastados
Devido a morte da menina e do adolescente, o comandante do 17º BPM, tenente-coronel Fábio Batista Cardoso, foi afastado da administração da unidade. A corporação explicou que a decisão foi tomada para "dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos referentes às ações ocorridas na manhã deste sábado (12), na Ilha do Governador, Zona Norte da cidade".

Segundo a Polícia Militar, dois policiais que estavam na hora e local da morte de Eloáh também foram afastados preventivamente das suas funções. As câmeras corporais acopladas aos agentes foram recolhidas e passam por perícia. Outras imagens de câmeras de segurança também são analisadas pela DHC.