Escritores, editores e leitores estiveram no eventoDivulgação
'Da vida nas ruas ao teto dos livros' conta a história de uma mulher negra, que passou fome e viveu na rua e se tornou professora, pesquisadora, feminista e doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. As histórias e dores de Clarice são inspiração para o livro foi transformada em romance pela editora Pallas.
"Eu sou de uma família de origem humilde. Meu pai morreu quando eu tinha cinco anos e minha mãe ficou cega. Passamos a morar na rua e a vida foi assim por quatro anos. Aos treze anos, perdi minha mãe e fui morar na casa de uma família. Decidi contar a minha história porque queria discutir questões como os danos causados pelo racismo e machismo e as questões de desigualdade social", completou a autora.
A expectativa é que a edição comemorativa de 40 anos do festival literário, que este ano dispõe de mais de 300 estandes, receba até este domingo (10), 600 mil pessoas durante toda a extensa programação, além de contar com a presença de 380 autores e 300 editoras.
"A literatura me ajudou bastante para que meus sonhos ganhassem corpo. Hoje faço uma retrospectiva e lembro de mim há 20 anos, um menino sonhador, que via na literatura uma grande possibilidade de mudança de chave na vida. Eu me preparei ao longo dos anos para fazer a promoção de literatura nos complexos da Penha e Alemão e ganhei o apelido de Livreiro do Alemão", diz Otávio Júnior, que é autor de 18 livros publicados como 'Da minha janela', de 2019, e 'De passinho em passinho', de 2021, ambos pela editora Companhia das Letras.
Espalhadas pelos estandes e pavilhões está a obra 'Áurea', lançada neste ano pelo escritor Henrique Rodrigues, que já teve um romance adotado em escolas de todo o país e traduzido na França e foi finalista do Prêmio Jabuti com 'Rua do Escritor: crônicas sobre leitura' e 24 livros publicados. Na juventude, conciliou os estudos com o trabalho no balcão de uma videolocadora e como atendente numa lanchonete, para ajudar à família, mas nunca desistiu dos seus sonhos e rascunhava desde então algumas linhas que se tornaram publicações de poesia, crônica, romance e obras para crianças e jovens.
"Fui aluno de um Ciep e ganhei um concurso de frases em 1989. Ali, tive o incentivo de uma professora e descobri que escrever era o que eu queria fazer da minha vida. Continuei trabalhando, mas não desisti de ser escritor", lembra o autor, doutor em Letras e trabalha como gestor cultural na área da literatura.
Entre os presentes está o influenciador literário Adriel Bispo, de 16 anos, que após sofrer um episódio de racismo na internet transformou o que aconteceu em seu primeiro livro 'Voando entre sonhos', para inspirar outros jovens. O jovem, nascido e criado na periferia de Salvador, hoje compartilha suas leituras com uma audiência de 442 mil seguidores nas redes sociais.
"Eu tinha um trato com a minha mãe que a cada livro que eu lia, ganhava um brinquedo. Foi assim que comecei a gostar de ler. Escrevendo, eu posso atingir muitas pessoas e isso me motiva. Minha vida mudou muito desde que comecei a escrever. Já fui em várias escolas e espero que esteja influenciando as crianças", diz Adriel, que já está escrevendo seu segundo livro pela editora Record.
Local: Riocentro, Barra da Tijuca
8 de setembro (sexta-feira) - 9h às 22h
9 de setembro (sábado) - 10h às 22h
10 de setembro (domingo) - 10h às 22h
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