Rio - O Ministério Público Federal (MPF) vai apurar a entrada de um agente da PRF à paisana no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde a menina H. dos S. S, de 3 anos, está internada após ser baleada em uma abordagem no Arco Metropolitano, em Seropédica.
Na manhã deste sábado (9), representantes do MPF estiveram no hospital para iniciar as investigações sobre o caso. No local, foram informados que o agente teria entrado no CTI, onde a criança está internada, sem autorização da segurança do hospital.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, de manhã estiveram na unidade de saúde a Coordenadora Geral de Direitos Humanos da instituição, acompanhada de um integrante da Comissão Regional de Direitos Humanos da PRF no RJ.
Ainda de acordo com o órgão, foram essas pessoas, em missão oficial da instituição, que estiveram na unidade. "Não mandamos, nem demos autorização a qualquer outro policial para estar no local. A corregedoria vai apurar", informou em nota.
De acordo com a Prefeitura de Duque de Caxias, a Secretaria Municipal de Saúde está analisando as imagens das câmeras de segurança do hospital para verificar em que condições ocorreram a presença e circulação de um suposto policial sem autorização nas dependências da unidade de saúde neste sábado (9).
Segundo a direção do hospital, na ocasião, o homem foi impedido de entrar no CTI do hospital, foi abordado pelo coordenador de segurança de plantão na unidade e informado de que não poderia ter acesso ao setor, já que não tinha autorização. De imediato, o coordenador de segurança conduziu o homem até a sala da equipe médica responsável, onde estavam os agentes do MPF.
Relembre o caso
O pai da menina, William Silva, contou que a família voltava da casa dos avós, em Itaguaí, na Região Metropolitana, por volta das 20h, quando passaram por uma viatura parada em um cruzamento na entrada de Seropédica, na Baixada Fluminense. Ele afirma que não houve ordem de parada, mas os agentes passaram a seguir e a ficar muito próximos ao veículo da família. Ele então decidiu dar seta para encostar o carro e, quando já estava no acostamento, quase parando, o automóvel foi alvo de mais de quatro disparos.
De acordo com o agente que atingiu a vítima, ele e dois colegas perseguiram o carro depois que foi constatado que o veículo era produto de um roubo. Ele disse ainda que depois de dez segundos atrás do veículo, ouviram um som de disparo de arma de fogo, chegando a se abaixar dentro da viatura, e atirou apenas após escutar os tiros. O policial relatou que atirou três vezes com um fuzil calibre 556, porque a situação o fez supor que o disparo havia sido feito do automóvel.
Em relação ao veículo, o pai da criança esclareceu que o então proprietário, que ainda tem seu nome no documento, teria apresentado o recibo de compra e venda do veículo (CRV) no processo da compra do carro. O vendedor do automóvel teria realizado uma consulta da placa no sistema do Detran e enviado a ele, portanto, não imaginava que havia registro de roubo ao veículo no ano anterior.
A Polícia Rodoviária Federal afastou preventivamente os três policiais envolvidos na ação das funções operacionais, "inclusive para atendimento e avaliação psicológica". A arma do agente que atirou também foi apreendida e vai passar por perícia. A instituição disse que as circunstâncias da ação estão em apuração pela Corregedoria e que colabora com as investigações da polícia judiciária para o esclarecimento dos fatos.
"A PRF expressa seu mais profundo pesar e solidariza-se com os familiares da vítima, assim como está em contato para prestar apoio institucional". O caso foi registrado na delegacia distrital, mas será investigado pela Polícia Federal.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.