Carro onde estava mãe, filho e amiga foi alvejado a tiros durante confronto entre milicianosReprodução/Redes sociais

Rio - O menino, de 7 anos, baleado em uma troca de tiros entre milicianos no Conjunto Alvorada, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, recebeu alta do Hospital Municipal Pedro II, no mesmo bairro, nesta terça-feira (12) depois de ficar 12 dias internado. O tiroteio causou a morte de Stefany Santos de Barros, de 23 anos, mãe da criança, e de Thuany Rocha Batalha, de 35.
B. L. da S., foi levado para o hospital depois de ser baleado quando estava em um carro no dia 31 de agosto junto com a mãe e outra mulher. O veículo onde os três estavam foi alvejado a tiros nas duas laterais, além da parte frontal, traseira e nos pneus durante o confronto entre milicianos rivais. No vidro frontal, do lado onde estava a motorista Stefany, tinha pelo menos duas marcas de tiros. Ao todo, o veículo foi alvejado cerca de 30 vezes.
O menino foi baleado no peito e, segundo familiares, voltava de um futebol junto com a mãe e a amiga. Eles seguiam a caminho de uma explicadora quando um dos milicianos se escondeu atrás do veículo em que estavam. O crime aconteceu a cerca de 100 metros de distância da casa onde Stefany morava.
A criança deu entrada no Hospital Municipal Pedro II em estado grave e passou por uma cirurgia. Durante a sua internação, seu quadro de saúde foi melhorando e estabilizando, até que recebeu alta nesta terça-feira (12).
Já Stefany, que também foi socorrida e encaminhada até a unidade, mas não resistiu, e Thuany, que morreu no local do tiroteio, foram enterradas juntas no Cemitério de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, no dia 2 de setembro. A mãe do menino morava com o pai e o avô, era próxima da família e gostava de festas e comemorações. As duas mulheres foram descritas como tranquilas e amigas inseparáveis e, além de trabalharem juntas, sempre frequentavam a casa uma da outra.
Morte por disputa entre milicianos rivais
As vítimas ficaram feridas em um tiroteio na localidade conhecida como Conjunto Alvorada, no bairro João XXIII, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. A região é alvo de disputa por controle entre dois grupos de milicianos rivais.
Segundo testemunhas do crime, um miliciano ligado ao grupo de Alan Ribeiro Soares, o 'Nanan', estava em uma barbearia na região quando milicianos rivais, do grupo de Luis Antônio da Silva Braga, o 'Zinho', apareceram em um veículo e atiraram contra ele, dando início a um confronto, que acabou com a morte das mulheres e com o menino ferido.
Desde a morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 12 de junho de 2021, Santa Cruz tem vivido uma rotina de violência com a disputa entre milicianos rivais. Nanan, apontado como um dos homens de confiança do paramilitar, passou a disputar o território depois que o irmão do então chefe, o Zinho, assumiu a liderança do grupo criminoso. Nanan teria conseguido tomar locais antes controlados por Zinho, o que intensificou a guerra na região.
Além da disputa entre os grupos paramilitares, a região também sofre invasões constantes do Comando Vermelho, que busca expandir o controle da venda de drogas em comunidades da Zona Oeste.