Menina está internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira NunesArquivo/Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Segue internada a menina de 3 anos que foi baleada durante uma ação da Polícia Rodoviária Federal no Arco Metropolitano, em Seropédica, na semana passada. Identificada como H.S.S, a criança está internada em estado gravíssimo e intubada no CTI do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Na última quinta (14), a criança sofreu uma parada cardiorrespiratória durante a madrugada, que foi revertida após seis minutos. Além disso, de acordo com o boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, a vítima segue hemodinamicamente instável.

A menina sofreu uma lesão perfurante no couro cabeludo e na cervical. Ao dar entrada na unidade, ela passou por avaliação das equipes de cirurgia pediátrica, neurocirurgia e pediatria. Em seguida, realizou exames de imagem e laboratório, antes de passar por um procedimento no centro cirúrgico.

Vítima estava dentro do carro do pai

O caso está sob investigação do Ministério Público Federal, que apura crime de lesão corporal ou tentativa de homicídio qualificada pela idade da vítima, sem prejuízo de outras condutas criminosas verificadas no curso das apurações.

Nesta segunda-feira (11) o pai da menina, William da Silva, prestou depoimento e confirmou sua versão dada no dia do crime. Segundo ele, na quinta-feira (7), por volta das 20h, a família voltava da casa dos avós da vítima, em Itaguaí, quando passou por uma viatura, em um cruzamento na entrada de Seropédica. William diz que não houve ordem de parada, mas os agentes começaram a seguir e a ficar muito próximos de seu carro. Ele decidiu então estacionar no acostamento e, quando já quase parado, os agentes atiraram quatro vezes.

Uma testemunha do ocorrido também afirmou que o motorista não tentou fugir da abordagem da viatura antes dos tiros. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ela também não menciona nenhum outro disparo antes da criança ser atingida. "Federal (PRF) acabou de acertar a filha de alguém no carro ali 'mano'. Isso que dá Federal incapacitada, saíram atirando no carro", disse em um trecho.

Segundo o MPF, outras pessoas e os policiais envolvidos devem prestar depoimento nos próximos dias. Com o procedimento, o órgão busca apurar suposto

Versão da Polícia

Na última sexta-feira (8), o agente que disparou a arma disse ao Ministério Público que realizou a ação porque ouviu tiros vindos da direção do veículo. Em depoimento, disse que começou uma perseguição junto com outros dois colegas após constatar que o carro era produto de um roubo.

O policial contou ainda que, depois de 10 segundos atrás do veículo, o trio escutou um som de disparo de arma de fogo, chegando a se abaixar dentro da viatura. Ele achou que o barulho vinha do veículo de William.

Ele também admitiu ter atirado três vezes com um fuzil calibre 556 na direção do carro onde a criança estava com a família.

Sobre a acusação de carro roubado, o pai da menina disse que adquiriu o veículo há dois meses e que os documentos ainda estão no nome do antigo proprietário. Em sua defesa William ainda afirmou que o vendedor apresentou o recibo de compra e venda do veículo (CRV) durante a negociação e mostrou uma consulta da placa no sistema do Detran.
Em nota divulgada no dia do ocorrido, a PRF disse que "expressa seu mais profundo pesar e solidariza-se com os familiares da vítima, assim como está em contato para prestar apoio institucional".

Ainda segundo a pasta as circunstâncias da ação estão em apuração pela corregedoria da corporação e que colabora com as investigações da polícia judiciária para o esclarecimento dos fatos. Os agentes envolvidos estão afastados preventivamente de suas ações operacionais e o policial que fez os disparos teve sua arma apreendida.