Família da menina esteve no IML para liberar o corpoMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - Após necrópsia, o corpo da menina baleada durante ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) deixou o IML de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense neste domingo (17), por volta das 11h20. Assinada pelo médico Marcelo da Silva, a declaração de óbito indicou que a causa da morte de H. S. S, de 3 anos, foi uma "lesão no encéfalo por projétil de arma de fogo".  
Ao DIA, o advogado da família de H. S. S, Jorge Beck, disse que o mais importante, neste momento, é a cerimônia de sepultamento. "Foi uma perda muito grande e, agora, vamos focar no sepultamento". Beck também comentou sobre os próximos passos no âmbito judicial. "O processo já esta no Ministério Público e vamos acompanhar. Queremos que a justiça seja feita, pois ela não merecia isso", disse o advogado.
A criança morreu na manhã deste sábado (16), após sofrer uma segunda parada cardiorrespiratória. A menina ficou internada durante 9 dias com o quadro de saúde gravíssimo, hemodinâmicamente instável e entubada no CTI pediátrico do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN).
Em nota, a PRF informou que se "solidariza com os familiares neste momento de dor e expressa as mais sinceras condolências pela perda". Além disso, a corporação, através da Comissão de Direitos Humanos, segue acompanhando a família para acolhimento e apoio psicológico.
Neste sábado, o Ministério Público Federal (MPF) pediu, à Justiça, a prisão dos três policias rodoviários federais envolvidos na morte da criança. Procurado, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro não informou quando deve atender à solicitação.
H. será enterrada no Cemitério Municipal de Petrópolis, às 16h30, deste domingo.
Relembre o caso 
H.S.S. foi baleada, quando a família voltava da casa dos avós, em Itaguaí, na Região Metropolitana, por volta das 20h, da última quinta-feira (7), e passaram por uma viatura parada em um cruzamento na entrada de Seropédica, na Baixada Fluminense.
Segundo Willian Silva, pai da menina, não houve ordem de parada, mas os agentes passaram a seguir e a ficar muito próximos ao veículo deles. Silva, então, decidiu parar no acostamento e, quando já estava quase parando, o automóvel foi alvo de mais de três disparos.
Em depoimento, o policial relatou que começou uma perseguição junto com outros dois colegas após constatar que o carro era fruto de roubo e admitiu ter atirado três vezes com um fuzil calibre 556. Ele disse que atirou porque ouviu tiros vindos da direção do veículo da família.
Uma testemunha, que estava próxima ao local, disse que o carro não tentou fugir da abordagem e não mencionou nenhum tiro antes da criança ser atingida. Willian esclareceu que adquiriu o veículo há dois meses e que os documentos ainda estão no nome do antigo proprietário. Em sua defesa, o homem ainda afirmou que o vendedor apresentou o recibo de compra e venda do veículo (CRV) durante a negociação e mostrou uma consulta da placa no sistema do Detran.
O MPF também investiga a entrada de um agente à paisana da PRF - sem autorização da segurança - no hospital onde a vítima estava internada. O órgão quer entender o que exatamente o policial fazia no CTI e, dependendo das conclusões, poderá denunciá-lo à Justiça Federal por abuso de autoridade. Identificado como Newton Agripino de Oliveira Filho, o agente já ficou afastado da instituição por 11 anos por conta de um processo disciplinar, além de ser acusado de injúria e ameaça por um corretor de imóveis.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Marcela Ribeiro