Newton Agripino de Oliveira Filho foi identificado como o PRF que entrou no hospital onde a menina de 3 anos baleada por um agente da corporação está internadaReprodução

Rio - O policial rodoviário federal que tentou entrar no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, neste sábado (9), onde a menina de 3 anos baleada por um agente da corporação está internada, ficou afastado da PRF por 11 anos devido a um processo disciplinar. Newton Agripino de Oliveira Filho também é acusado de injúria e ameaça por um corretor de imóveis.
De acordo com a PRF, um procedimento foi aberto contra Newton na corregedoria da corporação devido a entrada dele no hospital. Contudo, não é a primeira vez que o policial passa por um processo administrativo disciplinar. Em 2009, ele, que também é advogado, foi afastado de seu cargo na corporação devido a uma apuração de um suposto exercício ilegal da advocacia com um eventual ato de improbidade administrativa. Newton só foi reintegrado em fevereiro 2020 por ordem do juiz Sérgio Moro, que ocupava o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública à época.
A presença de Newton no hospital foi flagrada por câmeras de segurança. Ele entra usando um distintivo e ignorando os seguranças que lhe chamavam a atenção. Segundo a Prefeitura de Duque de Caxias, na ocasião, o homem foi impedido de entrar no CTI do hospital, foi abordado pelo coordenador de segurança de plantão na unidade e informado de que não poderia ter acesso ao setor, já que não tinha autorização. De imediato, o coordenador de segurança conduziu o homem até a sala da equipe médica responsável, onde estavam agentes do Ministério Público Federal (MPF).
O MPF, que abriu uma investigação própria sobre o episódio em que a menina H. dos S. S. foi baleada, está investigando o motivo da entrada do agente na unidade sem autorização. Dependendo da conclusão, o órgão poderá denunciá-lo à Justiça Federal por abuso de autoridade.
Apesar da presença no hospital, ainda não há informações sobre a motivação do fato. Newton também não é um dos três policiais que atuaram na ocorrência no Arco Metropolitano, altura de Seropédica, na Baixada Fluminense, na última quinta-feira (7), que terminou com a menina de 3 anos sendo baleada na coluna e na cabeça. Ela continua intubada e internada no CTI do HMAPN em estado gravíssimo, segundo informado pela Prefeitura de Duque de Caxias nesta terça-feira (12). 
Acusação de injúria e ameaça
O PRF responde a um processo na Justiça do Rio pelos crimes de injúria e ameaça contra o corretor de imóveis Rossini Maia, que teria acontecido no mês de abril deste ano. Ao DIA, Maia informou que todo o problema aconteceu quando Newton tentou visitar uma obra de uma residência pertencente à sua mulher, mas foi impedido por seguranças do local por não ter autorização para isso.
"Eu conheci a namorada dele antes. Ela tentou entrar em uma obra nossa, mas que não foi autorizada. Ela tinha que ter uma autorização. A obra atrasou um pouco e ela tentou entrar lá para ver o apartamento e o segurança não deixou. Ela falou que ia ligar para o corretor. O corretor ficou impressionado e me ligou. O Newton queria entrar na obra, foi barrado e ficou constrangido. Para ir lá precisa de capacete e equipamentos de segurança. Se acontecer alguma coisa lá, nós somos responsáveis. Nisso, ele tomou o telefone dela. Ele começou a me pressionar. Nunca tinha visto ele. Ele falou que ia vir na minha casa", contou.
Segundo Rossini, um mês depois do episódio chegou uma intimação para uma audiência de um processo que Newton, que também é advogado, e a mulher moveram contra ele por causa da negação da visita. A Justiça do Rio foi a favor dos argumentos do corretor e negou as acusações do casal. O processo ainda vale recurso.
Após essa audiência, Maia ressaltou que foi ofendido e ameaçado pelo policial, o que gerou um novo processo.
"Eu fui pressionado da entrada do fórum até lá dentro. Parece que todo mundo tem medo dele. Ele ficava a dois palmos de mim dentro do fórum. Chegou na audiência era ironia e riso. A juíza falou para ele se conter e respeitar o ambiente. Dei meu depoimento e depois veio a conclusão. A juíza me dispensou e, em frente ao fórum, no estacionamento, ele me viu e veio para cima desferindo xingamentos, palavrões, ameaças, dizendo que eu não era nada, que eu e cocô era a mesma coisa. Eu fiquei quieto. Eu acho que ele queria que eu tomasse uma atitude para justificar um tiro e dizer que eu tentei tomar a arma dele", completou.
O caso foi registrado na 34ª DP (Bangu) e tem uma nova audiência marcada para o dia 4 de outubro.