Menina está internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira NunesReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - A menina de 3 anos, que foi baleada durante uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), segue internada em estado gravíssimo no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Identificada como H.S.S, a criança está entubada no CTI pediátrico após sofrer uma parada cardiorrespiratória.
Neste sábado (16), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a paciente "segue com quadro de saúde gravíssimo, hemodinâmicamente instável e entubada no CTI pediátrico do HMAPN". 
A jovem, que sofreu uma lesão perfurante no couro cabeludo e na cervical, deu entrada na unidade no último dia 8. Ela passou por avaliação das equipes de cirurgia pediátrica, neurocirurgia e pediatria. Em seguida, realizou exames de imagem e laboratório, antes de passar por um procedimento no centro cirúrgico.
Relembre o caso
William da Silva, pai da menina, prestou depoimento e disse que, na quinta-feira (7), por volta das 20h, a família voltava da casa dos avós da vítima, em Itaguaí, quando passou por uma viatura da PRF, na entrada de Seropédica, na Baixada Fluminense. William afirmou que não houve ordem de parada, mas os agentes começaram a seguir e a ficar muito próximos de seu carro. Por isso, ele decidiu parar no acostamento. Então, segundo o homem, os agentes atiraram quatro vezes.
Uma testemunha do ocorrido também afirmou que o motorista não tentou fugir da abordagem da viatura antes dos tiros. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ela também não menciona nenhum outro disparo antes da criança ser atingida. "Federal acabou de acertar a filha de alguém no carro ali, 'mano'. Isso que dá Federal incapacitada: saíram atirando no carro", disse em um trecho.
O caso está sob investigação do Ministério Público Federal, que apura crime de lesão corporal ou tentativa de homicídio qualificada pela idade da vítima, sem prejuízo de outras condutas criminosas verificadas no curso das apurações.
O que diz a polícia
Na última sexta-feira (8), o agente que disparou disse ao Ministério Público que realizou a ação porque ouviu tiros vindos da direção do veículo. Em depoimento, o policial afirmou que começou uma perseguição junto com outros dois colegas após constatar que o carro era fruto de um roubo.

O suspeito ainda contou que, depois de 10 segundos de perseguição, os agentes escutaram som de disparo de arma de fogo, chegando a se abaixar dentro da viatura. Ele achou que o barulho vinha do veículo de William. O policial também admitiu ter atirado três vezes com um fuzil na direção do carro, onde a criança estava com a família.

Sobre a acusação de carro roubado, o pai da menina disse que adquiriu o veículo há dois meses e que os documentos ainda estão no nome do antigo proprietário. Em sua defesa, William afirmou que o vendedor apresentou o recibo de compra e venda do veículo (CRV) durante a negociação e mostrou uma consulta da placa no sistema do Detran-Rj.
Em nota, a PRF informou que "expressa seu mais profundo pesar e solidariza-se com os familiares da vítima, assim como está em contato para prestar apoio institucional". Ainda segundo a pasta, as circunstâncias da ação estão em apuração pela corregedoria da corporação, que colabora com as investigações da polícia judiciária. Os agentes envolvidos seguem afastados preventivamente de suas ações operacionais e o policial que fez os disparos teve sua arma apreendida.