Mandachuva no clube, Marcos Braz é vereador e cabulou sessãoDivulgação / Flamengo

Rio - O vereador e vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz (PL), será ouvido, na próxima terça-feira (26), pelo Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio. O parlamentar foi flagrado brigando com um torcedor no Barra Shopping, na Zona Oeste, no momento em que havia uma votação urgente na Casa
Nesta terça-feira (19), Braz chegou a realizar um pré-registro de presença, mas não compareceu para cumprir o seu dever. O painel da votação exibiu um sinal de interrogação ao lado do nome do vereador, durante a sessão que envolvia uma discussão para autorizar a Prefeitura do Rio contrair um empréstimo de R$ 702 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A criadora e vice-presidente do Conselho de Ética, Teresa Bergher, explicou qual o objetivo desta reunião. "Além de ouvi-lo sobre a briga, precisamos que ele explique por que deu a presença na sessão, se estava em um shopping a trinta quilômetros da Câmara. Isso precisa ser esclarecido”, disse a vereadora.
"Os parlamentares podem registrar presença de forma virtual entre às 13h30 e 16h, quando os vereadores fazem seus discursos. No entanto, após o início da Ordem do Dia, às 16h, é necessária a votação presencial. Como o vereador Marcos Braz (PL) estava ausente durante a votação, o sistema registrou falta para o parlamentar", informou a Câmara por meio de nota.
Essa não é a primeira ausência no histórico de frequência do vice-presidente do Flamengo. Segundo um levantamento do IG, ele é o segundo vereador com mais faltas na Casa. No primeiro semestre de 2023, o dirigente não compareceu à Câmara seis vezes, empatado com Carlos Bolsonaro (Republicanos). Braz só fica atrás da vereadora Verônica Costa (PL), conhecida como Mãe Loira do Funk, que faltou 12 vezes.
Segundo a Câmara Municipal do Rio, Marcos Braz terá um dia de salário descontado "pela falta sem justificativa".
Entenda a briga
Nesta terça-feira (19), Braz estava no Barra Shopping, acompanhado da filha de 15 anos, quando foi abordado e cobrado por um torcedor, em razão do momento turbulento da equipe. O vídeo da agressão foi compartilhado pelo Venê Casagrande. De acordo com o jornalista, o rubro-negro Leandro Gonçalves Junior, que trabalha como entregador, disse que pediu para que o dirigente saísse do Flamengo, mas ele não gostou e partiu para a agressão. O torcedor também afirmou ter sido mordido.
"Eu vi ele dentro da loja da Pandora. Só gritei para ele sair do Flamengo e virei de costas e saí andando. Quando eu vi, ele correu atrás de mim. Ele e o segurança me agrediram. E ele me mordeu também", alegou o torcedor.
A advogada Anie Luizi, que representa o torcedor do Flamengo, disse que o seu cliente foi agredido sem ameaçar Braz. "Estava passeando e acabou encontrando o Marcos. Ele apenas demonstrou sua insatisfação como torcedor, mas em nenhum momento foi agressivo: nada que saia da formalidade ou algo do tipo. Acabou sendo agredido pelo Marcos Braz e seus seguranças. Ele fez até então os primeiros procedimentos, fez um curativo, porém ele precisa comparecer ao Instituto Médico Legal para realizar o exame de corpo de delito", explicou.
Já Marcos Braz afirmou que estava passeando pelo shopping com sua filha, quando Leandro começou a agredi-lo verbalmente. "Eu estava com três meninas e estava comprando um presente para a minha filha. De repente o cara começou a me agredir verbalmente. Um absurdo", contou o dirigente.
O vice presidente jurídico e geral do Flamengo, Rodrigo Dunshe, afirmou à imprensa, na noite desta terça-feira (19), que Marcos foi perseguido e ameaçado. Segundo Dunshe, a ação foi premeditada e planejada por uma torcida organizada. "Há dois dias, uma torcida organizada disse que iria perseguir dirigentes, atletas e entre outros do Flamengo. E a própria torcida que falou que ia fazer, fez. O Marcos Braz estava com a filha dele, em uma situação totalmente constrangedora. Foi ameaçada a vida dele na frente de sua filha e ele tomou uma reação. Ele é a vítima da história", disse.
Após o ocorrido, Marcos Braz precisou se refugiar dentro da própria loja da Pandora, onde ficou por mais de uma hora. O dirigente deixou o local por volta das 18h20, escoltado por policiais e seguranças, e foi muito xingado por torcedores que acompanhavam a situação.
O vice-presidente registrou uma ocorrência na 16ª DP (Barra da Tijuca) e o torcedor agredido foi para um hospital da região.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini