Leandro Campos concedeu uma entrevista coletiva nesta sexta-feiraCléber Mendes / Agência O Dia

Rio - O entregador Leandro Campos da Silveira Gonçalves Júnior, que se envolveu em uma briga com o vereador do Rio e vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz (PL), concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (22), na Taquara, Zona Oeste. O torcedor negou que tenha ameaçado ou agredido o dirigente e afirmou que, antes da confusão, disse somente para Braz deixar o Flamengo.
"Não o agredi em nenhum momento. Até porque não tinha como, o amigo dele estava me chutando. Eu não falei isso ['f...-se sua filha']. Eu só falei: 'Marcos Braz, sai do Flamengo'. Essas foram minhas únicas palavras e, então, eu virei as costas. Não o xinguei e nem ameacei em nenhum momento", disse Leandro.
O entregador, de 22 anos, afirma que Braz se irritou e começou a andar em sua direção, mas se desequilibrou e caiu. Nesse momento, o vereador teria mordido sua virilha, enquanto um amigo do dirigente passou a chutá-lo.
"Eu virei e ele estava vindo de punho cerrado para cima de mim. Eu virei de frente para ele e dei uns passos para trás. Ele se desequilibrou, caiu, puxou minhas pernas, e eu caí também. Ele caiu sobre minha virilha e me mordeu, enquanto um amigo dele começou a chutar minha cabeça. Nesse momento, os seguranças do shopping tiraram ele de cima de mim", afirmou.
Na quinta (21), Braz disse que a agressão teria sido premeditada e mostrou ameaças de torcidas organizadas. Além disso, contou que a confusão começou depois que pediu para Leandro parar com as ameaças de morte na frente da filha de 15 anos, mas recebeu a resposta: "f...-se a sua filha". 
O entregador relatou que assistiu à entrevista do vereador e que ele mentiu em "praticamente tudo".
"[Mentiu] Que eu ameacei ele, que eu estava transtornado, que eu tenho cara de psicopata... Ele não falou nada comigo em nenhum momento, só partiu para agressão. Não faço parte de nenhuma organizada", relatou Leandro.
Por fim, o torcedor afirmou que está com receio de sair de casa e não trabalha desde a confusão. "Não me arrependo porque não fiz nada demais. O problema é o que isso está gerando. Não estou indo trabalhar porque não dá. Estou com receio de sair na rua, para falar a verdade. Sou vítima. Não agredi nem verbalmente e nem fisicamente", concluiu.
A advogada Ani Oliveira, que representa Leandro, também contestou a versão apresentada por Marcos Braz. Além disso, alegou que conversou com testemunhas e recebeu as informações de que a filha do dirigente não estava próximo ao ocorrido.
"Ele informa, na entrevista dele, que o Leandro proferiu a frase: 'f...-se sua filha', sendo que ele não dá essa declaração no depoimento dele na delegacia. São muitas inverdades proferidas contra meu cliente. Meu cliente jamais o ameaçou de morte. No próprio depoimento, ele diz que foi em direção ao meu cliente. Isso prova que ele começou as vias de fato. A filha dele estava no shopping, mas não estava no local. Falei com três testemunhas que informaram que estava somente ele e o André. A filha não estava", disse.
A advogada disse que teve acesso ao laudo do Instituto Médico Legal (IML) que confirmou a mordida na virilha e hematomas na coxa de Leandro. Com isso, ele representará criminal e civilmente contra Marcos Braz e o amigo que também o agrediu.
Entenda a briga
A confusão entre Marcos Braz e Leandro Campos aconteceu na tarde desta terça-feira (19), no Barra Shopping, na Zona Oeste do Rio. Imagens publicadas pelo jornalista Venê Casagrande mostram o momento da briga.
Seguranças do estabelecimento separaram os envolvidos e acionaram a Polícia Militar. Os dois registraram a ocorrência na 16ª DP (Barra da Tijuca), que investiga o caso.
Falta na Câmara
No momento da briga, havia uma sessão de votação na Câmara dos Vereadores. Em relação à falta, Marcos Braz disse que eu presença virtual para entrar no sistema e ter conhecimento das pautas que vão ser votadas, de 16h às 18h. No entanto, ao iniciar a votação, quem não comparece ao plenário ganha falta e tem parte do salário descontado. O vereador disse que, na terça-feira, optou por sair com a filha.
"Chega 16h e se você não botar o dedo dentro da câmara, você toma falta, você é descontado do salário. Eu tomei a falta, eu não fiz nenhuma ilegalidade, eu vou ser descontado, só para deixar claro. Eu fiz a opção de estar com a minha filha um dia antes do aniversário dela. Uma filha que não mora comigo, foi uma opção minha", explicou.
* Colaborou Cléber Mendes