Aldir Caldas é jornaleiro há 25 anos e seguiu a mesma profissão do sogroAgência O Dia


"Um vizinho de todo bairro". É dessa forma que Aldir Caldas, 50 anos, define sua função de jornaleiro em uma banca localizada na rua do Catete, no Largo do Machado, na Zona Sul. Tudo começou há 25 anos quando fez um "estágio" com o pai de sua namorada na época, Francesco Manes e o tio dela, Orlando Manes.

"Eu era funcionário de uma multinacional, trabalhava na área comercial, mas o pai da minha namorada era italiano, jornaleiro com mais de 40 anos de profissão e eu sempre tive vontade de ter o meu próprio negócio. Então, foi através dele que eu passei a ser jornaleiro. Ele que abriu os caminhos, me ensinou o caminho das pedras, me ensinou todo o ofício desde casar jornal à exposição dos jornais para venda", conta.

Aldir destaca que seu sogro trabalhou a vida toda com banca de jornal e criou os três filhos: "Foi através dele que eu abracei essa profissão e tenho orgulho dela".


Relação com os clientes é a melhor parte

Um dos pontos altos da profissão que Aldir destaca é a relação direta e diária com seus clientes. "Essa é a melhor parte da banca de jornal, é relação desde os pequenos, das crianças, que vão atrás de gibis, atrás de figurinhas e cria-se uma relação muito amistosa, de muito carinho, muito respeito. Essas crianças, muitas delas, hoje são pais de família, mães, levam os próprios filhos ali para também comprar gibis, comprar figurinha e isso é gratificante demais, cria-se um laço, um laço de amizade, um laço quase que familiar", detalha.

Caldas explica que a profissão vai muito além de vender jornais e revistas e possibilita conhecer um pouco mais sobre a história de vida dos moradores do bairro. "O jornaleiro é aquele que está sempre presente ali para ajudar, para auxiliar, para que deixem uma bolsa de compras ali enquanto se vai acolá, comprar mais compras, quando se vai à feira comprar alguma coisa, deixam o pesado ali na banca. Jornaleiro muitas das vezes é 'psicólogo'. O jornaleiro funciona na banca de jornal como um amigo de todos, um vizinho que todos podem contar".

Os clientes fiéis frequentam a banca para comprar jornais e também bater um papo e participar da "resenha esportiva" sobre o futebol da semana.

"É o bate-papo de todas as manhãs, tem aquela galerinha que está sempre na banca, aqueles aposentados que costumeramente vão ali buscar o seu jornal e o que mais vende hoje em dia é o Meia Hora", diz.

Orgulho de ser jornaleiro

O profissional acredita demais nas relações interpessoais, por isso, um dos motivos que mais o orgulha na função é justamente a possibilidade de fazer amizades ao longo do ano durante o trabalho.

"Amigos que fiz durante todos esses anos, de todas as idades, independente do sexo, independente da cor, da religião, eu posso bater no peito e dizer que tenho muitos amigos feitos naquela banca de jornal, é isso que mais me dá prazer, me dá orgulho na profissão. Independente também da classe social, ali eu tenho amigos de todo tipo de profissão, desde os porteiros, dos faxineiros das empresas até engenheiros, médicos, dentistas, de todas as profissões, eu tenho orgulho de ter esses amigos".

Relação com o Dia 'desde garoto'

Bem antes de pensar em ser jornaleiro, Aldir já gostava de ler o jornal O Dia. "Ainda garoto, adolescente, sempre gostava da parte de esporte, do Jornal O Dia, também por ser um jornal de linguagem mais popular, de um preço também mais acessível", explica.

A editoria de esporte era a sua favorita. "Eu não me lembro agora uma crônica que tinha, em que era uma crônica de narrativa bem leve, do dia a dia mesmo do povo carioca, eu não me lembro agora o autor, mas era assim voltada mesmo para o público para o povão. Eu sempre li essa crônica, gostava muito dela e das matérias do dia a dia, da atualidade da nossa cidade, então a relação sempre foi ótima. Quando me tornei jornaleiro, continuei lendo ainda mais, com a facilidade de acesso todos os dias e sempre gostei de ler o jornal O Dia", conclui.