Rio - Um vídeo de um caso de intolerância religiosa, ocorrido dentro de uma unidade do Supermercado Casa do Sabão, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, viralizou nas redes sociais nesta terça-feira (3). A gravação mostra um homem dizendo que estava preocupado com a alma de mulheres que vestiam roupas de uma religião de matriz africana.
Na filmagem, uma das vítimas aparece alterada e gritando com o homem. "Chato! Enjoado! Tem que respeitar a gente. Respeita!", bradou. Neste momento, um aponta o dedo para o rosto do outro. Outra mulher, também vestida com trajes da religião de matriz africana, diz que a pessoa tem que ter discernimento e respeito. Como resposta o homem fala: "Estou preocupado com a alma de vocês".
Mulher flagra discussão e caso de intolerância religiosa em supermercado de Nova Iguaçu
A gravação foi realizada por uma moradora de Nova Iguaçu que estava fazendo compras no estabelecimento e postada em seu perfil na última quarta-feira (27). De acordo com a testemunha, o homem estava a todo tempo querendo impor sua religião nas vítimas e dizendo que as almas delas estavam perdidas.
"Depois do posto de saúde, dei uma passadinha no mercado e lá eu me deparei com uma cena de um senhor querendo a todo custo pregar a palavra de Deus para umas irmãs. Eu falo irmãs porque, diante de Deus, todos somos iguais e somos irmãos. Elas estavam ali para fazer as compras delas. Elas não foram para o mercado para participar de culto religioso nenhum. Ele quis impor e, se tivesse parado por ali, tudo bem. Cada um foi para o seu lado, sendo que, enquanto elas estavam fazendo as compras, ele fez por bem voltar, conversar com elas e dizer que iria orar pelas almas delas porque elas estavam perdidas. Aí a discussão continuou", explicou a testemunha.
A moradora contou que as mulheres não mexeram com ninguém e que estavam apenas fazendo compras para uma festividade de São Cosme e São Damião, comemorada na quarta-feira (27).
"Eu não achei aquilo bacana, certo e legal. Ele tinha que ter seguido o caminho dele e ter deixado elas fazendo as compras delas. Elas não mexeram com ninguém. Ele que se dirigiu para elas querendo impor a religião dele. Foi isso que aconteceu. Eu não pude pegar o começo porque estava procurando o telefone dentro da bolsa. Quando achei, que eu vim para filmar e ele viu que eu estava com telefone, ele saiu do local. Ele ficou calminho ali porque viu que estava sendo filmado. Elas estavam ali para fazer as compras delas da festividade de Cosme e Damião, da religiosidade delas. Elas estavam ali para isso. Elas não foram pro mercado para participar de culto. Ele foi muito infeliz em querer impor a religião dele para elas", completou.
Procurado pelo O DIA, o Supermercado Casa do Sabão disse, em nota nesta quarta-feira (4), que repudia qualquer prática, indução ou incitação à discriminação ou preconceito, em razão de raça, cor, etnia, religião, orientação sexual e identidade de gênero, ou qualquer outra particularidade individual. A empresa destacou que nenhum colaborador presenciou ou participou do fato, e nada foi reportado aos funcionários. A Casa do Sabão se solidarizou com as vítimas e se colocou à disposição para qualquer tipo de apoio.
Questionada, a Polícia Civil ainda não informou se o caso foi registrado e se está sendo investigado. O espaço está aberto para manifestação.
Nota completa da Casa do Sabão
"Nossa empresa repudia qualquer prática, indução ou incitação à discriminação ou preconceito, em razão de raça, cor, etnia, religião, orientação sexual e identidade de gênero, ou qualquer outra particularidade individual.
Ainda neste ano, inclusive, trouxemos informação e conscientização aos nossos colaboradores sobre como prevenir e combater o assédio contra as mulheres.
Infelizmente, esse fato lamentável ocorreu em uma de nossas lojas, entre clientes, sendo que, conforme apurado preliminarmente, nenhum dos nossos colaboradores presenciou e/ou participou do fato e nada foi reportado aos funcionários, que estão orientados a prestar o devido suporte a quem se sentir ofendido, sob qualquer forma, dentro de nossas lojas.
Assim, a empresa Casa do Sabão se solidariza com as vítimas do vídeo em questão e se coloca à disposição, para prestar qualquer tipo de apoio que as mesmas necessitem neste momento."
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