Agentes do Bope apontando arma para casa de morador da MaréRede Social

Rio - Moradores do Complexo da Maré, na Zona Norte, denunciam que policiais militares do Bope invadiram casas nas comunidades durante a megaoperação que entrou pelo terceiro dia nesta quarta-feira (11). Em coletiva de imprensa, o governador Cláudio Castro e o procurador-geral de Justiça Luciano Mattos incentivaram a população a denunciar os possíveis abusos cometidos pelos agentes e informaram que a Corregedoria da PM vai apurar cada denúncia.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram uma casa foi completamente revirada na Vila do João, que é alvo da operação Maré. A denúncia aponta que a invasão ocorreu ainda nesta quarta (11). "Ontem foram na casa da minha amiga, falaram que ela era mulher de bandido, hoje foram lá de novo e fizeram maior zona, quebraram tudo na casa dela", diz uma postagem sobre o caso.

Na segunda (9) novas imagens apontam que outra residência foi revirada, mas dessa vez na Nova Holanda. Outra imagem das operações mostra ainda policiais do Bope apontando um fuzil para dentro da casa de um morador do Complexo da Maré.
O terceiro dia consecutivo da Operação Maré tem como alvo o Complexo do Chapadão, as comunidades da Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica Pau, localizadas no Complexo do Israel e a Vila do João, Vila dos Pinheiros, Timbau, Baixa do Sapateiro, Salsa e Merengue, na Maré. De acordo com o Governo do Estado, essa fase tem como foco a prisão de criminosos que fugiram para outras comunidades, o cumprimento de mandados de prisão e a retomada de territórios. Até o momento, seis fuzis foram apreendidos e nove pessoas foram presas.

Durante a coletiva na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, no Centro do Rio, na manhã desta quarta (11), Castro reforçou que os policiais envolvidos em casos como estes serão punidos.

"Nossa corregedoria tem punido muito através do 190, denuncie mesmo, porque um mal policial não terá ninguém que passe a mão na cabeça dele, se ele cometer abusos e erros ele será tão punido quanto criminosos. O policial tem que fazer o trabalho dele dentro da lei, até por isso ele tem as câmeras que inibe demais isso, o policial não sabe se está sendo monitorado ao vivo ou não, mas sabe que tá sendo gravado, então isso é um inibidor claro de situações como essa, mas havendo denúncias nosso papel é punir o policial que tenha feito", disse.

O procurador-geral da Justiça Luciano Mattos disse ainda que os canais do Ministério Público no site estão abertos 24h para receber denúncias de moradores.
Procurada, a Polícia Militar informou que o Comando do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) tomou conhecimento do fato por meio de vídeos publicados nas redes sociais e analisa as gravações para tentar identificar se houve a participação de agentes da Corporação no fato relatado.
"As ações das equipes seguem pautadas por critérios técnicos e planejamento prévio, sempre alinhadas ao previsto na legislação vigente. Cabe ressaltar que o comando da SEPM não compactua com quaisquer desvios de conduta ou crimes cometidos por policiais militares, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos", disse em comunicado.
Para denúncias, a corporação indica que os moradores entrem em contato através do telefone (21) 2334-6045 ou e-mail ouvidoria_controladoria@pmerj.rj.gov.br. A Corregedoria Geral da também pode ser contactada através do telefone (21) 2725-9098 ou ainda pelo site https://www.cintpm.rj.gov.br/. O anonimato é garantido.
Operação Maré

O trabalho integrado das forças de segurança durante esses dois dias já teve como resultado a prisão de 17 criminosos, apreensão de mais de meia tonelada de maconha e drogas sintéticas, assim como de 100 quilos de pasta base de cocaína. Armas e 98 veículos também foram apreendidos, além de 10 toneladas de barricadas terem sido retiradas das ruas.

Os moradores da Maré também ganharam de volta o acesso à piscina do Complexo Esportivo da comunidade. A Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP), que é parceira na ação, confiscou 58 aparelhos celulares em Bangu 3 e 4.