Terceiro dia da Operação Maré mira criminosos que fugiram para outras comunidades
As forças de segurança atuam na Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica Pau, além do Complexo do Chapadão e cinco pontos do Complexo da Maré; Até o momento seis fuzis foram apreendidos e 12 pessoas foram presas
Drogas apreendidas por agentes do Batalhão de Ações com Cães (BAC) na Vila do João, dentro do Complexo da Maré - Cleber Mendes / Agência O Dia
Drogas apreendidas por agentes do Batalhão de Ações com Cães (BAC) na Vila do João, dentro do Complexo da MaréCleber Mendes / Agência O Dia
Rio - As forças de segurança do Rio iniciaram, na manhã desta quarta-feira (11), o terceiro dia consecutivo da Operação Maré. Desta vez os alvos são o Complexo do Chapadão, as comunidades da Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica Pau, localizadas no Complexo do Israel e a Vila do João, Vila dos Pinheiros, Timbau, Baixa do Sapateiro, Salsa e Merengue, na Maré. De acordo com o Governo do Estado, essa fase tem como foco a prisão de criminosos que fugiram para outras comunidades, o cumprimento de mandados de prisão e a retomada de territórios.
De acordo com o balanço mais atualizado, seis fuzis foram apreendidos na operação, sendo cinco no Complexo do Chapadão e um na Cidade Alta, além de três pistolas no Complexo da Maré.
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Foram realizadas também 12 prisões, sendo seis no Chapadão, três na Maré e três no Parque das Missões, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Mais de 3 toneladas de barricadas foram retiradas em 17 pontos do Complexo da Maré e três veículos foram recuperados em Duque de Caxias.
Durante a manhã, tiroteios foram registrados na Vila do João, altura da Linha Amarela, e na Vila do Pinheiros, ambas no Complexo da Maré. Já na parte da tarde, agentes do Batalhão de Ações com Cães (BAC) apreenderam diversas drogas como maconha, cocaína e loló também na Vila do João.
De acordo com o secretário da Polícia Civil, José Renato Torres, a ação ocorre em diversas regiões justamente devido a migração de criminosos de uma comunidade para a outra. Cerca de 1000 agentes das forças de segurança do estado atuam na megaoperação desde segunda-feira (9).
"Criminosos não ficam dentro de casa aguardando a presença da polícia. Vão migrando de uma comunidade para outra. Por isso, estamos fechando o cerco" afirmou o secretário.
O Chapadão atualmente é dominado pela facção Comando Vermelho (CV) e abrange os bairros de Guadalupe, Anchieta, Costa Barros, Pavuna e Ricardo de Albuquerque. Traficantes da região já entraram em confronto, em diversas ocasiões, com criminosos do Terceiro Comando Puro (TCP) que dominam o Complexo da Pedreira, que abrange os bairros de Barros Filho, Coelho Neto, Parque Colúmbia, Costa Barros e Pavuna.
No Complexo da Pedreira, durante o segundo dia da ação, um adolescente foi apreendido acusado de participar da explosão de um ônibus na Avenida Brasil, que deixou três passageiros feridos no fim de setembro. As duas regiões vivem intensos conflitos devido a disputa de território entre criminosos rivais.
A ação é a maior já realizada com uso de tecnologia, aliada à inteligência e investigação. Equipamentos como drones com câmeras que fazem mapeamento de áreas em 3D e uma câmera com zoom de longo alcance são utilizados e têm capacidade de reconhecimento facial e identificação de placas de veículos.
Até o momento, em três dias de operação, já foram contabilizados R$ 20 milhões de prejuízo para as organizações criminosas.
"O trabalho das nossas forças de segurança está focado em desarticular essas máfias e é incansável. Somente hoje, foram detidas 12 pessoas que estavam cometendo diversos atos criminosos na capital e Baixada Fluminense, com efeitos em toda a população. O prejuízo causado a essas organizações já chegou à casa de R$ 20 milhões. São efeitos claros de que o uso da inteligência aliado à tecnologia é o caminho mais eficiente para enfraquecer a atuação desses grupos", afirmou o governador Cláudio Castro (PL).
Desde segunda-feira (9), foi descoberto e fechado um laboratório de refino de drogas, um depósito de medicamentos, entorpecentes e material para preparo. Ao todo, 24 pessoas foram presas até o momento, 101 veículos – entre carros e motos – apreendidos e 42 toneladas de barricadas retiradas do Complexo da Maré.
As forças de segurança apreenderam, nos últimos três dias, 100 quilos de pasta base de cocaína (descobertos num galpão próximo à Vila Cruzeiro), mais de meia tonelada de maconha e drogas sintéticas em diversos pontos, uma plantação de skunk num imóvel de dois andares na Vila do João e duas estufas de maconha na Maré. Em relação ao armamento apreendido, o total foi de 13 fuzis, 2 simulacros de arma de fogo, 5 pistolas, dezenas de artefatos explosivos e diversos rádios comunicadores
Segunda fase da operação
O segundo dia da operação ocorreu em oito comunidades da Maré dominadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP): Baixa do Sapateiro, Nova Maré, Bento Ribeiro Dantas, Conjunto Pinheiro, Vila do Pinheiro, Salsa e Merengue, Vila do João e Conjunto Esperança , além do Complexo da Pedreira, na Zona Norte, e da Cidade de Deus, na Zona Oeste.
Durante a ação, uma área de lazer transformada em um centro de treinamento para o tráfico foi devolvida à comunidade. O local conta com piscina olímpica, campo de futebol e até área de churrasco coberta. Segundo investigações da Polícia Civil, o espaço, que fica na Vila do João, era usado por lideranças criminosas, suas famílias e convidados, além de reuniões da facção e treinamentos operacionais de traficantes.
Ainda na operação, os agentes localizaram dois galpões usados por criminosos para desmanche e clonagem de veículos, além de duas estufas com plantação de maconha na Vila do Pinheiro e na Vila do João. Nas ações, três suspeitos foram presos, sendo um deles na Cidade de Deus, na Zona Oeste.
Uma das estufas de maconha foi encontrada na Vila dos Pinheiros, Complexo da Maré. A outra, localizada pela Delegacia de Repreensão a Entorpecentes (DRE), foi encontrada em casa de dois andares na Vila do João, ambas no Complexo da Maré, causando prejuízo de cerca de R$ 2,5 milhões à facção criminosa. Agentes das forças de segurança realizaram ainda a retirada de 10 toneladas de barricadas da região.
O Centro de Operações Especiais e Bope também apreendeu, durante incursão na Vila do Pinheiro, Timbau e Baixa do Sapateiro, três fuzis, uma carabina calibre 12 e uma réplica de metralhadora ponto 50. Nos galpões, 65 veículos recuperados.
Primeira fase da operação
No primeiro dia da operação que ocorreu nesta segunda-feira (9) houve a prisão de nove criminosos, sendo seis com mandados de prisão em aberto e três em flagrante. Dentre eles, o PM Yuri Luiz Desiderati Ribeiro, de 36 anos, que foi preso em um caminhão na Avenida Brasil com 151 quilos de cocaína durante a operação no Complexo da Maré.
Além disso, foi apreendido 100kg de pasta base de cocaína em um galpão perto da Vila Cruzeiro, na Penha, e mais de meia tonelada de maconha e drogas sintéticas no Complexo da Maré. Entre as drogas apreendidas foram encontradas ainda embalagens descritas como fentanil, substância é 50 vezes mais potente do que a heroína e mais forte que a morfina, que é responsável por grande parte das 100 mil mortes por overdose que ocorreram nos EUA em 2022.
Na região ainda foram retiradas de 14 ruas 29 toneladas de barricadas. Dentre o armamento apreendido havia 1 fuzil 7.62, uma arma falsa, dezenas de artefatos explosivos e diversos rádios comunicadores e 33 veículos, entre motos e carros.
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