O ônibus foi atingindo por um artefato explosivo enquanto passava pela Avenida Brasil, altura de Barros FilhoReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - Policiais civis apreenderam, na manhã desta terça-feira (10), o adolescente suspeito de ter arremessado uma bomba que causou uma explosão em um ônibus na Avenida Brasil, onde três pessoas ficaram feridas. Segundo o secretário da Polícia Civil, José Renato Torres, a ação, que mirava os responsáveis pelo ataque, acontece no Complexo da Pedreira, Zona Norte do Rio, e em outras regiões da cidade.
De acordo com as investigações, o ônibus trafegava pela Avenida Brasil, quando reduziu a velocidade devido a barricadas colocadas na pista pelos criminosos. Em seguida, os bandidos entraram no veículo, anunciaram o assalto e roubaram os passageiros. Mesmo sem qualquer reação das vítimas, o adolescente arremessou um artefato explosivo dentro do coletivo. O Esquadrão Antibombas da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) foi acionado e uma perícia papiloscópica realizada no ônibus.
Após o trabalho de inteligência, o "adolescente que arremessou o artefato explosivo" foi apreendido em casa, na Estrada de Botafogo, em Costa Barros, também na Zona Norte. Na delegacia, acompanhado da avó, o menor confessou que jogou a bomba.
O titular da 39ª DP (Pavuna), delegado André Prates, afirmou que a explosão foi uma estratégia da facção para atrair o policiamento na região e dificultar uma possível invasão de uma quadrilha rival. 
Dentre os 10 suspeitos envolvidos no ataque, cinco já foram identificados pela Polícia Civil, além do adolescente detido nesta terça-feira. Os responsáveis seriam integrantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP), que é alvo de uma segunda megaoperação consecutiva no Complexo da Maré.

O secretário da Polícia Civil José Renato Torres também explicou que as operações ocorrem em várias regiões do Rio, devido aos criminosos "migrarem de uma comunidade para outra".

No dia 27 de setembro, passageiros e motoristas viveram momentos de terror durante um arrastão na Avenida Brasil, altura de Barros Filho, na Zona Norte. No local, criminosos jogaram um artefato explosivo de fabricação caseira em um ônibus, que explodiu o interior do veículo e deixou três pessoas feridas - dentre elas, um idoso de 61 anos. O coletivo atingido é da linha 771 que faz o trajeto Campo Grande x Coelho Neto.

Dois dias antes, criminosos armados ainda impediram um trem do ramal Belford Roxo de seguir viagem, próximo à estação Barros Filho. A ação ocorreu novamente durante uma intensa troca de tiros entre criminosos rivais. Durante o confronto, um outro ônibus chegou a ser incendiado e uma van foi atingida por uma bala perdida.

A PM chegou a realizar uma operação nos Complexos da Pedreira e Chapadão na manhã seguinte. No entanto, não houve registro de presos e apreensões. As duas regiões são dominadas por facções rivais, o TCP e Comando Vermelho, respectivamente.
Segundo dia da Operação Maré
As forças de segurança do Rio iniciaram, na manhã desta terça-feira (10), a segunda fase da Operação Maré contra organizações criminosas que atuaram no Complexo da Maré, na Zona Norte, e na Cidade de Deus, Zona Oeste. Cerca de 1000 agentes atuaram especialmente na Vila do João e Vila Pinheiro, região do centro de treinamento de guerra dos criminosos revelado por investigações da Polícia Civil. Os alvos da ação eram ainda integrantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP).
De acordo com o Governo do Estado, ao todo, os policiais do Bope e Core atuam no Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro, Salsa e Merengue, Nova Maré, Conjunto Bento Ribeiro Dantas, Conjunto Esperança, Vila do João, Vila dos Pinheiros e Conjunto Pinheiros, todas dominadas pelo TCP.
A ação foi uma resposta às mortes dos médicos na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, que ocorreu na semana passada. 
Nesta segunda-feira (9), a megaoperação prendeu nove criminosos, sendo seis com mandados de prisão em aberto e dois em flagrante. Além disso, foi apreendido 100kg de pasta base de cocaína em um galpão perto da Vila Cruzeiro, na Penha, e mais de meia tonelada de maconha e drogas sintéticas no Complexo da Maré. O prejuízo estimado para o tráfico foi de R$ 12 milhões.
Entre as drogas apreendidas foram encontradas ainda embalagens descritas como fentanil, substância é 50 vezes mais potente do que a heroína e mais forte que a morfina, que é responsável por grande parte das 100 mil mortes por overdose que ocorreram nos EUA em 2022. 

A droga foi localizada na Nova Holanda, comunidade do Complexo da Maré. Se confirmado que se trata de fato de fentanil, essa será a primeira vez que a substância é apreendida no Rio. A perícia tem 10 dias para analisar as susbtâncias encontradas.

Na região ainda foram retiradas de 14 ruas 29 toneladas de barricadas. Dentre o armamento apreendido havia 1 fuzil 7.62, uma arma falsa, dezenas de artefatos explosivos e diversos rádios comunicadores e 33 veículos, entre motos e carros.
Ainda na ação, o PM Yuri Luiz Desiderati Ribeiro, de 36 anos, foi preso em um caminhão na Avenida Brasil com 151 quilos de cocaína durante a operação no Complexo da Maré.
Segundo o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, secretário de Estado de Polícia Militar, medidas já estão sendo tomadas referente ao caso. "É um fato lamentável, não compactuamos com isso, a Corregedoria já foi acionada, ja fazíamos um acompanhamento dele, as providências estão sendo tomadas", disse.