Familiares e amigos de Natasha durante cortejo no cemitério Jardim da Saudade, em PaciênciaMarcos Porto/Agência O DIA
'Ninguém merecia passar pelo que ela passou', afirma primo de mulher morta por ex-cunhado
Natasha Maria Silva Gonçalves de Albuquerque foi enterrada no cemitério Jardim da Saudade, em Paciência
Rio - Natasha Maria Silva Gonçalves de Albuquerque, de 30 anos, foi sepultada, na tarde desta terça-feira (10), no cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste. Durante 16 dias, Natasha ficou internada após ser torturada e queimada por Davi Souza Miranda, ex-namorado da irmã, mas não resistiu. Com grande comoção, familiares e amigos se despediram da jovem. A irmã da vítima chegou no enterro em uma viatura da Polícia Militar devido a uma medida protetiva.
Ao DIA, Alexander Gomes, primo da vítima, revelou que ela sofreu um emboscada por marte do ex-companheiro da irmã, que segue preso. "Natasha foi uma vítima dessa situação toda. Ninguém merecia passar pelo que ela passou. Ela acabou indo levar a filha da irmã para ver o pai, pois foi estipulado judicialmente que ela deveria ter esse papel. Nisso, ela foi pega em uma emboscada pelo ex da irmã, que matou ela com marteladas, queimou também, a filha e a sobrinha também foram mortas nesse ataque. A Natasha foi a única que tinha sobrevivido. Ontem (segunda), infelizmente ela não resistiu", explicou.
Ainda segundo Alexander, após o crime, não conseguiu reconhecer a prima no leito do hospital e revelou que não houve velório devido ao estado do corpo. "A gente já sabia que era um estado muito grave. Eu cheguei a visita-la nesse período, mas não consegui recolhê-la. Não tinha uma parte do corpo dela que não estivesse coberta, então foi uma situação muito difícil para nós [a família]. Ela era tão bonita, e a vida dela foi tirada dessa forma tão cruel. Inclusive, nem o velório nós tivemos direito, devido ao estado do corpo dela", lamentou o primo.
Davi segue preso e passará a responder por triplo homicídio. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
Relembre o caso
Na ocasião do crime, a vítima havia levado sua sobrinha Luísa Fernanda da Silva, de 5 anos, para ver o pai, na companhia de sua filha Ana Beatriz da Silva Albuquerque, de 4 anos. Ao chegarem no local, Davi amarrou Natasha e a torturou. Depois, deu marteladas nas duas meninas. Por fim, ele ateou fogo na casa e fugiu em um carro.
A mulher conseguiu se soltar e levou as crianças até o portão, quando foi socorrida por vizinhos, que acionaram a Polícia Militar. Luísa e Natasha foram encaminhadas ao Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. No entanto, a menina morreu ao dar entrada na unidade. Já Ana Beatriz foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde já chegou sem vida. Por conta da gravidade das queimaduras, Natasha foi transferida para o Pedro II, mas não resistiu e morreu.
De acordo com a Polícia Civil, Davi dirigiu do local do crime até cair com o carro na linha férrea na altura da Mangueira, na Zona Norte da cidade. Moradores da região foram ao local do acidente e viram um celular tocando no meio do mato. Uma pessoa que atendeu foi informada de que Davi havia acabado de matar duas crianças e então a polícia foi acionada. Davi fugiu a pé do local do acidente e foi capturado por policiais do Segurança Presente na Rua Conde de Bonfim, em frente ao Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte.
O pai de Luísa estava separado da mãe há um mês. Os dois tiveram um relacionamento que durou nove anos e moraram juntos até a separação. Segundo familiares das vítimas, Davi era um homem controlador, mas não demonstrava isso para a família da mãe de Luísa. Segundo relatos, a jovem, de 23 anos, não podia ter celular, amigos e nem acesso a redes sociais. O relacionamento acabou quando a mãe de Luísa fugiu, registrou um boletim de ocorrência e conseguiu uma medida protetiva contra Davi por violência doméstica. Porém, ele ainda tinha o direito de ver a filha uma vez por semana.
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