Foto inédita dos médicos Diego Bonfim, Perseu Ribeiro e Daniel SonnewendDivulgação

Rio - A Polícia Civil considerou o ataque de criminoso que terminou na morte de três médicos na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, como sendo um ação audaciosa e equivocada. Em entrevista ao programa 'Fantástico', neste domingo (8), o delegado responsável pelas investigações, Henrique Damasceno disse que o inquérito ainda não foi concluído, mas as provas apontam com clareza que Marcos de Andrade Corsato, 62 anos, Perseu Ribeiro Almeida, 33, e Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, foram mortos por engano por traficantes do Comando Vermelho (CV), na madrugada de quinta-feira (5).
O programa da Globo também exibiu com exclusividade as últimas imagens dos três médicos mortos e de Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, único sobrevivente ao ataque. Através das câmeras de segurança é possível ver que Daniel foi o primeiro a sair do Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, às 20h de quarta-feira (4). Na calçada do hotel ele se encontra com Perseu Almeida e os dois vão a pé até o quiosque Naná 2, localizado a poucos metros do hotel.

Cerca de 1 hora depois, Diego desce do quarto do Hotel Windsor e se encaminha ao quiosque para encontrar os colegas de profissão. Marco Andrade se junta ao grupo às 22h, onde horas depois seriam alvejados a tiros. O grupo veio de São Paulo e estava hospedado no Windsor para participar do 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo, que seria realizado dentro do próprio hotel.

Ainda conforme as imagens de câmeras de segurança, às 00h59, um quinto médico que estava com o grupo paga a conta e retorna para o hotel. Durante a confraternização dos médicos no quiosque, uma mulher cumprimenta o grupo e dois minutos depois vai embora em direção ao mesmo hotel. Uma viatura da Polícia Militar aparece realizando patrulhamento de rotina na Avenida Lúcio Costa neste intervalo.

Às 00h59, momentos antes do grupo sair da mesa, um carro modelo Fiat Pulse, para na faixa de pedestre, paralelo à mesa dos médicos. Criminosos armados descem do veículo e iniciam o ataque. Ao todo, os médicos foram atingidos por 19 tiros.

Perseu levou cinco tiros: dois atingiram de raspão, na mão esquerda e no braço direito; um acertou a mão direita; um no peito, que perfurou o pulmão, e um na barriga, que atingiu o fígado. Diego levou oito tiros, sendo: dois nas costas, um no ombro posterior direito, um no punho direito, um na coxa direita, um no braço direito, um no peito e um no trapézio. Marcos de Andrade levou seis tiros, sendo: dois na cabeça, um na nuca, um nas costas, um no braço esquerdo e um na barriga.

O único sobrevivente do ataque, Daniel foi atingido por 14 disparos e está internado no Hospital Samaritano, na Barra da Tijuca. Na unidade de saúde, ele gravou um vídeo para tranquilizar as pessoas próximas.

"Estou bem, viu? Está tudo tranquilo, graças a Deus. Só com umas fraturas, mas vai dar certo. Vamos sair dessa juntos. Valeu pela preocupação, obrigado", disse o ortopedista.
Médico sobrevivente descreveu ataque
Em entrevista à TV Globo, a mãe de Daniel relembrou as primeiras palavras do filho após acordar da cirurgia. "Ele disse "Mãe. E começou a chorar. Mãe, meus amigos morreram", relembrou Márcia. Ainda segundo a mãe, Daniel viu que Perseu faleceu no local e que Marcos ficou caído na cadeira. Diego chegou a reclamar de falta de ar antes de falecer ao lado de Daniel.
 
Investigações em andamento
A principal linha de investigação da Polícia Civil é de que um dos médicos pode ter sido confundido com um miliciano envolvido na disputa por territórios. A semelhança física entre o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos, e o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, de 33 anos, chamou a atenção dos investigadores da Polícia Civil e Federal. Quatro suspeitos de envolvimento nas execuções foram 'condenados' pelo 'tribunal do tráfico' 17 horas depois do crime.
Entre os suspeitos mortos estão Philip Motta Pereira, o Lesk, Ryan Nunes de Almeida, o Ryan, Thiago Lopes Claro da Silva e Pablo Roberto da Silva dos Reis. Há ainda outros dois traficantes, foragidos, que podem ter relação com os homicídios. São eles: Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, e Bruno Pinto Matias, vulgo Preto Fosco.