Ex-vereadora Marcelle Almeida Pinheiro Caetano é investigada de cometer racismo em CamposDivulgação
Dona de veterinária acusada de racismo é ex-vereadora e já agrediu agente durante fiscalização
Marcelle Almeida Pinheiro Caetano foi denunciada por xingar médico veterinário de "negro de m" em Campos dos Goytacazes
Rio - A dona de um consultório veterinário investigada por ofensas racistas a um médico veterinário em Campos dos Goytacazes é ex-vereadora e já foi denunciada por agressão a um fiscal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio (CRMV-RJ). Conforme apurado pelo DIA, Marcelle Almeida Pinheiro Caetano, proprietária do estabelecimento Pata Vet Popular, localizado no município do Norte Fluminense, disse palavras de baixo calão ao agente fiscalizador, além de quebrar os óculos e rasgar a máscara e roupas dele em março de 2021.
De acordo com a CRMV-RJ, o estabelecimento foi denunciado diversas vezes em seus canais oficiais por várias irregularidades. Um boletim foi registrado pelo próprio conselho na Polícia Federal para apurar o caso. Na época, a ex-vereadora informou que o fiscal a agrediu e teria levado uma pasta que pertencia à veterinária, o que a motivou a registrar outro boletim de ocorrência.
No último dia 2 de outubro, Marcelle voltou a ser denunciada, mas desta vez por racismo contra um médico veterinário de 30 anos, no interior do Pata Vet Popular. No dia do ocorrido, o profissional trabalhava como plantonista no estabelecimento e atendia um gato em trabalho de parto. Segundo a vítima, durante a consulta a dona do consultório entrou na sala induzindo ele a realizar a cesárea do animal. Diante da recusa do profissional, a proprietária do estabelecimento proferiu palavras de cunho racista como "seu veterinário de m**, negro de m**, você está achando o que?", além de arremessar objetos na direção do profissional.
O médico expôs o caso em suas redes sociais e disse que jamais imaginou vivenciar uma situação como essa. "Para mim foi uma situação bem chata, bem horrível, mas eu não poderia deixar de compartilhar com os meus amigos da área da veterinária. Em 30 anos de vida eu nunca presenciei ou vivi uma realidade como essa. Eu senti na pele o racismo. Foi uma situação muito constrangedora", disse. A vítima registrou o ocorrido na 134ª DP (Campos dos Goytacazes), que vai investigar o caso e ouvir os envolvidos.
Segundo o CRMV-RJ, a indução do ato cirúrgico, por parte da empresária, tinha apenas viés econômico e não técnico.
Conselho se pronunciou sobre os dois casos
Referente à primeira denúncia de agressão, o CRMV-RJ considerou o episódio como uma "atitude mesquinha, covarde e infantil da proprietária do estabelecimento", que não é médica-veterinária.
Sobre o caso de racismo, o presidente do CRMV-RJ, Diogo Alves, lamentou o caso e disse que o conselho não aceita e não compactua com ações racistas ou que expressem qualquer outra forma de preconceito aos médicos veterinários. "O CRMV-RJ lamenta que um profissional médico veterinário, em pleno século XXI, sofra injúria racial e tenha sua autonomia profissional questionada. Precisamos acabar com esse racismo estrutural que assola nosso país. A violência psicológica sofrida pelo colega fica presente, afetando a saúde mental, a autoestima e a dignidade, podendo ter desdobramentos terríveis. Só quem sofre, sabe mensurar a dor", disse ao DIA.
A reportagem tenta contato com a ex-vereadora Marcelle Almeida Pinheiro para comentar sobre o processo de racismo ao qual ela responde na 134ª DP. O espaço está aberto para manifestação.
Não há informações, até o momento, sobre o andamento das investigações na Polícia Federal referente ao episódio de agressão ao fiscal do CMRV-RJ.
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