Rio - O médico veterinário Wellington Costa, de 30 anos, denuncia ter sido vítima de racismo dentro de um consultório veterinário, no bairro Parque Turf Club, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. O caso aconteceu na segunda-feira (2), mas o relato foi compartilhado pela vítima nesta sexta-feira (6).
No dia do crime, o profissional trabalhava como plantonista no estabelecimento e atendia um gato em trabalho de parto. Segundo Wellington, durante a consulta a dona do consultório entrou na sala induzindo ele a realizar a cesárea do animal. Diante da recusa do profissional, a proprietária do estabelecimento proferiu palavras de cunho racista como "seu veterinário de m, negro de m, você está achando o que?", além de arremessar objetos na direção de Wellington.
O médico expôs o caso em suas redes sociais e disse que jamais imaginou vivenciar uma situação como essa. "Para mim foi uma situação bem chata, bem horrível, mas eu não poderia deixar de compartilhar com os meus amigos da área da veterinária. Em 30 anos de vida eu nunca presenciei ou vivi uma realidade como essa. Eu senti na pele o racismo. Foi uma situação muito constrangedora", disse. A vítima registrou o ocorrido na 134ª DP (Campos dos Goytacazes), que vai investigar o caso e ouvir os envolvidos.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio (CRMV-RJ) explica que a indução do ato cirúrgico, por parte da empresária, tinha apenas o viés econômico e não técnico.
O presidente do CRMV-RJ, Diogo Alves, lamentou o caso e disse que o Conselho não aceita e não compactua com ações racistas ou que expressem qualquer outra forma de preconceito aos médicos veterinários. "O CRMV-RJ lamenta que um profissional médico veterinário, em pleno século XXI, sofra injúria racial e tenha sua autonomia profissional questionada. Precisamos acabar com esse racismo estrutural que assola nosso país. A violência psicológica sofrida pelo colega fica presente, afetando a saúde mental, a autoestima e a dignidade, podendo ter desdobramentos terríveis. Só quem sofre, sabe mensurar a dor", disse ao DIA.
Ainda segundo Diogo Alves, o CRMV-RJ se colocou à disposição de Wellington para o que for necessário.
Mais um caso de racismo
Um outro caso de racismo no estado do Rio de Janeiro repercutiu. Na quinta-feira (5), uma idosa proferiu ofensas racistas à mulher do síndico de um condomínio em Santa Teresa, no Centro do Rio. Fernanda Rosário da Silva revelou que Silvia Clara Bastos Correia, de 70 anos, a chamou de 'macaca' quando não conseguiu acesso a um boleto.
Imagens mostram Silvia proferindo palavras como "macaca" e "ordinária" para Fernanda após não conseguir pegar um boleto de cobrança do condomínio. A mulher do síndico contou que tentou ajudar a idosa, mas foi surpreendida com as ofensas racistas.
"Quando eu entrei, que ela continuou falando a palavra macaca, eu comecei a chorar. Aí veio meu vizinho, meu porteiro, e eu comecei a tremer e sentei. E fiquei por aqui uns 30 minutos só chorando", contou Fernanda, que está grávida de seis meses.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que a "7ª DP (Santa Teresa) investiga o caso de injúria por preconceito. Os envolvidos serão intimados e outras diligências seguem para apurar os fatos"
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