Rio - Familiares e amigos de T.M.F, de 13 anos, morto durante uma operação policial na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, realizaram mais um ato de justiça em lembrança pelos dois meses do crime, na tarde deste sábado (7). Os manifestantes percorreram um trecho da Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, principal via da comunidade, e seguiram pacificamente em direção à praça da Cidade de Deus. Eles carregavam cartazes e vestiam camisas com pedidos por justiça.
Durante o trajeto, um trecho na Linha Amarela, sentido Galeão, próximo à entrada da comunidade, chegou a ficar fechado. Veja imagens:
LINHA AMARELA FECHADA NESTE MOMENTO NO SENTIDO GALEÃO NO TRECHO DA CIDADE DE DEUS pic.twitter.com/1hWuc1g9tG
"Estamos aqui para pedir por justiça. Isso não pode ficar assim. Nosso camisa 10 foi executado, isso tem que acabar. Por isso, toda vez que completar mais um mês do crime nós iremos para as ruas pedir por justiça", disse um parente do T.M.F durante a passeata. Policiais do 18ºBPM (Jacarepaguá) acompanham a manifestação.
Este é o terceiro ato de justiça realizado pela família do jovem. O último protesto aconteceu poucos dias depois da decisão da Justiça do Rio em mandar soltar quatro policiais envolvidos na morte do adolescente. na frente da sede do Ministério Público do Rio. Os agentes Roni Cordeiro de Lima, Diego Pereira Leal, Aslan Wagner Ribeiro de Faria e Silvio Gomes dos Santos, do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) foram presos preventivamente no dia 6 de setembro após apresentarem uma pistola e munições atribuídas erroneamente à vítima, indicando que o jovem estaria armado. A decisão pela soltura do grupo aconteceu no dia 28 de setembro.
Durante o protesto no MPRJ, a mãe do adolescente, Priscila Menezes Gomes de Souza, criticou duramente a postura dos policiais dentro da comunidade, que terminou na morte do morador. "Meu filho era uma criança que tinha 90% de frequência na escola, treinava logo depois da aula, ia para a igreja... Estamos numa luta para provar que eles [PMs] mataram o meu filho e fizeram um teatro naquele dia. Julgaram o meu filho de uma forma que a gente que é pai e mãe não entende. Se no Brasil não tem pena de morte, por que mataram meu filho? A minha luta é que eles sejam julgados e responsabilizados", disse Priscila.
Relembre o caso
T.M.F, de 13 anos, morreu depois de ser baleado por policiais do BPChq durante uma operação, na madrugada do dia 7 de agosto, na Cidade de Deus. Segundo o pintor Hamilton Menezes, tio do rapaz, a família teve acesso a uma câmera de segurança da região, cujas imagens mostrariam o momento em que um agente atira contra o jovem.
"Ele estava passeando de moto com um amigo em uma das ruas da Cidade de Deus, onde foram abordados já a tiros. Uma bala pegou na perna do jovem e ele caiu. [Pelas imagens], dá para ver o T. M F. no chão, ainda vivo, e o policial vai lá e acaba de executar", disse.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) está responsável pelas investigações.
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