Caio Geovanne Bernardino da Silva, de 25 anos, foi executado a tiros por criminosos em Belford RoxoReprodução

Rio - A mãe de um professor de informática tenta recuperar os restos mortais do filho morto por traficantes da comunidade São Leopoldo, em Belford Roxo, em agosto do ano passado. Ao DIA, Rita de Cássia, mãe de Caio Geovanne Bernardino da Silva, de 25 anos, disse que ele foi executado por criminosos após ser apontado como informante da polícia. A suspeita se deu pelo fato do rapaz ter se mudado para a comunidade e ser neto e afilhado de um policial militar já falecido.
Segundo informações de moradores da comunidade, um dos mandantes do crime é Alan Rodrigues, vulgo Cinquenta. O criminoso foi preso em setembro do mesmo ano por um outro crime, mas seu nome ainda foi arrolado no processo que investiga o homicídio de Caio.
Pouco mais de um ano depois, Rita ainda busca na Justiça o direito de conseguir realizar um enterro digno para o filho. "Os traficantes não querem devolver o corpo do meu filho. Ele era professor de informática, era formado em TI, mas só pelo fato de ser parente de um policial mandaram matar ele achando que ele era X-9. O Caio nunca teve nenhum tipo de envolvimento com o crime", lamentou Rita.
Ainda segundo a mãe do professor, o corpo da vítima estaria no sítio Retiro Feliz, onde supostamente acontece o 'tribunal do crime' da comunidade São Leopoldo.
O crime foi registrado na 54ª DP (Belford Roxo) e o processo ainda está em andamento. Em junho deste ano, o Ministério Público do Rio (MPRJ), por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada dos Núcleos Duque de Caxias e Nova Iguaçu, enviou um pedido à distrital solicitando que seja feita uma diligência no sítio, na tentativa de localizar os restos mortais. No entanto, a 54ª DP ainda não atendeu ao pedido.
Na tentativa de amenizar o sofrimento, Rita continua a sua luta para recuperar os restos mortais. "Nem ao Ministério Público eles querem respeitar o pedido. Só quero os restos mortais do meu filho para amenizar esse sofrimento", pediu.
Outras famílias também tentam recuperar corpos de parentes
A família dos primos Caíque Porfírio da Silva e Kauã Mateus Porfírio Carrilho, de 18 e 19 anos, também lutam com os órgãos da segurança pública do Rio de Janeiro para conseguir recuperar os corpos dos jovens na comunidade do Buraco do Boi, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. 
De acordo com os familiares, os rapazes teriam ido até a comunidade quando foram confundidos com traficantes e capturados no dia 11 de setembro deste ano. Segundo a mãe de Kauã, que teve sua identidade preservada, informações preliminares apontam que os primos teriam sido confundidos com criminosos de uma facção rival e mortos com outros cinco jovens no interior da comunidade. Os supostos corpos permanecem na região, mas devido a criminalidade fortemente armada, nenhum familiar conseguiu ir até o local para tentar encontrar os jovens.
Ainda de acordo com a mãe, que registrou o caso de desaparecimento na 58ª DP (Nova Iguaçu), os policiais teriam se recusado a entrar no local para confirmar as mortes e recuperar os corpos devido a periculosidade da região, sendo necessária a elaboração de uma operação para ir até a localidade. "Até agora não fizeram uma operação para buscar os restos mortais dos meninos. Estamos muito tristes. Nós só queríamos pelo menos enterrar nossos filhos", explicou a mãe, que não tem mais esperança de encontrar seu filho vivo.
Já segundo o pai de Caíque, que também preferiu não se identificar, ele teria ido até a comunidade para tentar encontra seu filho, mas foi ameaçado por um traficante, que pôs uma arma em sua cabeça. "Fiquei de frente com um bandido, ele me ameaçou, ameaçou minha ex-mulher, minha atual, ameaçou todo mundo falando que ia matar. Falou que não existe mais corpo nenhum, que meu filho foi esculachado, picotado e queimado. E eu como pai ouvir isso, sem reação nenhuma, o cara bem armado, colocando a arma na minha cara. Não sei o que fazer mais. Só a Polícia pode resolver isso para nós", disse.