Objeto constituía parte de um conjunto funerário feito em ouroMuseo Oro del Perú ? Armas del Mundo | Fundación Miguel Mujica Gallo

Rio – Cariocas e turistas que forem ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), localizado no Centro do Rio, podem "embarcar" em uma verdadeira viagem no tempo, através da recém-inaugurada exposição "Tesouros Ancestrais do Peru". As 162 peças em cerâmica, cobre, ouro, prata e têxteis proporcionam um passeio pelas antigas civilizações andinas até a cristalização do Império Inca. Com entrada gratuita, a mostra ficará em cartaz até o dia 29 de janeiro de 2024.


Reconhecido como patrimônio pelo Ministério da Cultura do Peru, o conjunto raro de objetos descobertos em diversas expedições arqueológicas pertence à Fundação Mujica Gallo e faz parte do catálogo do Museo Oro del Perú y Armas del Mundo. Com curadoria de Patricia Arana e Rodolfo de Athayde, a mostra é dividida em cinco blocos temáticos: Linha do tempo, Mineração, Divindades e Rituais, Cerâmica e Têxteis e Colonização, apresentando ao público um dos mais importantes acervos da história das civilizações.

Também conhecido como Tahuantinsuyo, ou “Terra de Quatro Regiões”, na língua quechua, o Império Inca foi a maior e mais importante reunião de culturas da América antiga. Com base em Cusco, sede política localizada no atual Peru, era formado por diversos povos e atingiu, no auge, cerca de 12 milhões de habitantes. Politeístas, os incas conseguiram, entre 1438 e 1532, unificar, seja pela força ou alianças, sociedades da região costeira do Oceano Pacífico e da cordilheira dos Andes.

Espalhados por um território estimado em 4 mil quilômetros, que ia do sul da Colômbia até partes do Chile e da Argentina, passando por todo o Equador, Peru e Bolívia, os povos da região tinham em comum o domínio de técnicas sofisticadas de administração, mineração, irrigação, agricultura, cerâmica, produção têxtil e arquitetura.

“A exposição mostra civilizações que tinham um alto grau de complexidade que eram muito sofisticadas, é que estavam aqui antes da chegada dos europeus e que foram praticamente apagadas”, explica Sueli Voltarelli, gerente geral do CCBB Rio ao DIA.
“A maior parte destas peças vieram de tumbas, porque muitas delas foram levadas para a Europa ou derretidas como lingotes. É uma oportunidade de mostrar um pouco da riqueza cultural, da sofisticação dessas civilizações pré-colombianas para o público brasileiro e uma oportunidade de refletir sobre o impacto da colonização na América Latina”, afirma.

A designer de joias Rafaela Vianna, de 27 anos, ficou impressionada com as peças. Ela conferiu a exposição, nesta sexta-feira (13), ao lado da mãe, a psicanalista Luciana Torres, de 59, que também achou a mostra interessante.

"Como designer de joias, eu fiquei impressionada como as técnicas foram surgiram tão antigamente assim. E é incrível, porque algumas das técnicas prevalecem até hoje. Eu acho o máximo", disse Rafaela. "Eu também estou adorando. Tem toda uma parte antropológica interessantíssima. O Peru é um país belíssimo. Eu acho incrível como as culturas vieram mudando e com a colonização espanhola exterminou parte dela", contou Luciana.

Para a cozinheira Miriam Moura, de 51 anos, que teve os planos de comemorações de aniversário frustrados pela chuva, a visita à exposição valeu a pena. "Eu estou amando! Já queria vir, não seria hoje, mas acabei vindo por causa da chuva. Esta é uma exposição importantíssima para as pessoas terem acesso ao conhecimento, principalmente porque é grátis e beneficia muita gente que não tem condições. Esta é a história do mundo e, no final, uma história é interligada a outra", afirmou.

As peças em exibição foram produzidas entre 900 a.C e 1600 d.C. Traços culturais dos povos andinos são revelados em utensílios como depiladores, bolsas, penachos, máscaras funerárias e coroas feitas de ouro. Há também blocos dedicados à cerâmica e aos objetos têxteis, como jaquetas, gorros e sapatos. No catálogo estão ainda cinco Tumis, espécies de facas ornamentais usadas durante cerimônias de sacrifícios de animais e, em casos excepcionais, de humanos.

De passeio pelo Rio, a estudante Julia Ferraz, 24, e o pai, o contador Nelson Ferraz, de 55, se encantaram pelas peças. "É muito interessante ver a cultura, a arte e ver como desde sempre a gente teve necessidade de expressar as coisas. A gente vê não só utensílios práticos do dia a dia, mas também os de rituais. As peças estão super fiéis. As montagens também estão super bonitas. Eu acho que é muito importante para a gente conhecer a nossa história", disse Julia.

Os arquitetos Bruno Caldas, 26, Isabel Ferreira, 26, e a estudante de pedagogia Maria Beatriz Henrique, 24, falaram sobre a importância da exposição. "É importante, porque estamos falando sobre a cultura da América Latina, uma parte que não se tem muito conhecimento aqui no Brasil. Num geral está tudo muito bonito. As cores estão muito bonitas", disse Bruno. "As cores dão bastante destaque, como uma das salas, que é vermelha e tem peças douradas. É bem chamativo", completou Isabel. "Achei bem interessante. Gostei", disse Maria.

A exposição "Tesouros Ancestrais do Peru" ficará em cartaz até o dia 29 de janeiro de 2024, na Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Os visitantes podem conferir a mostra de quarta a segunda, das 9h às 20h (fecha às terças). Os ingressos são disponibilizados na bilheteria do CCBB ou no site oficial

“No feriado esteve muito cheio. A expectativa é que o público se interesse bastante pela exposição. Nesta quinta-feira (12) teve muita gente aqui, inclusive muita criança. Esta é uma exposição para criança, adulto, qualquer idade”, celebrou Sueli Voltarelli.