Rio - O governo do Rio nomeou o delegado Marcus Vinicius Amim Fernandes como novo secretário da Polícia Civil e exonerou José Renato Torres do Nascimento, que havia sido escolhido para o cargo no último dia 2. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (19).
A troca ocorreu após a Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) ter aprovado, na quarta-feira (18), o Projeto de Lei que modifica a Lei Orgânica da Polícia Civil. A alteração foi uma proposta do próprio governador Cláudio Castro e recebeu 61 votos a favor e 8 contra.
A alteração no texto permite que a corporação seja comandada por delegados que estejam há 15 anos na instituição, independentemente do cargo. Anteriormente, a legislação previa que a Polícia Civil fosse comandada somente por quem ocupa o cargo de delegado na corporação há 15 anos. No entanto, Marcus Amim, apesar de ter 21 anos na instituição, é delegado há 12 anos, e não poderia assumir a pasta com a legislação anterior.
Com a mudança, Cláudio Castro fez um agradecimento ao delegado José Renato Torres, que deixou o cargo a pedido.
"Estou certo de que o delegado Amim tem as qualificações necessárias para fazer um bom trabalho à frente da Polícia Civil. Aproveito para agradecer ao delegado José Renato Torres pelo comprometimento com a segurança pública do Estado do Rio num momento importante de ação contra a criminalidade", afirmou o governador.
Já o secretário Marcus Amim disse que recebeu com satisfação a nomeação. "É um privilégio ser lembrado pelo governador para assumir a Secretaria de Estado de Polícia Civil. Encaro esse desafio com muita tranquilidade e reforço o meu compromisso de combate à criminalidade com todo o rigor que a lei permite", comentou.
Conheça mais sobre o atual secretário
Desde junho deste ano, Marcus Amim exerce o cargo de presidente do Detran.RJ. Ele também é comentarista de Segurança no programa "SBT Rio".
Natural de Niterói, formado em Direito, em 2003, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), ele está há mais de 20 anos na Polícia Civil. Como delegado titular, comandou a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) e a 27ª DP (Vicente Carvalho).
Nas redes sociais, o delegado costuma expor suas opiniões sobre a segurança pública do estado. Em uma publicação de setembro deste ano, ele compartilhou um trecho de sua participação no programa do SBT em que dizia o seguinte: "Se me der tiro, vai levar tiro de volta. É promoção dá um, leva um montão. A polícia mata sim vagabundo que atira em polícia, e vai continuar matando."
O delegado já recebeu, em 2018, a Medalha Tiradentes, concedida pela Alerj, e a Medalha José Clemente Pereira, em 2021, pela da Câmara dos Vereadores de Niterói.
Na Polícia Civil, Amim também ganhou como reconhecimento pelos bons serviços prestados a Medalha de Fidelidade, em 2020, a Medalha de Honra, em 2019, e a Medalha de Devotamento, em 2018.
Sindicato de policiais civis questiona alteração
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio de Janeiro divulgou nota conjunta, nesta quarta-feira (18), em repúdio à mudança na Lei Orgânica da instituição que flexibiliza critério para nomeação de secretário para a pasta. Também assinam a manifestação o Sindicato do Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro e a Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro.
As entidades da Polícia Civil, por outro lado, defendiam a manutenção da obrigatoriedade de que somente delegados da classe mais elevada da carreira, com mais de 15 anos no cargo, possam ser indicados para o cargo de secretário de Polícia.
O presidente do sindicato dos delegados de polícia, Leonardo Affonso, classificou o projeto como um retrocesso. "Mudar uma lei que foi fruto de um amplo debate no Legislativo e de um consenso social, traz um enorme retrocesso para a Segurança Pública, já que desacredita e descredibiliza o governo e os poderes constituídos, na medida em que faz transparecer à população que qualquer Lei no Rio de Janeiro está sujeita a qualquer tipo de mudança, em qualquer momento, em razão de qualquer interesse", criticou.
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