Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão foi preso pela Polícia Federal na "Operação Drake"Reprodução

Rio - O advogado Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão, preso durante a "Operação Drake", deflagrada pela Polícia Federal na quinta-feira (20), teria utilizado medidas judiciais na tentativa de dificultar as investigações acerca do desvio de 16 toneladas de maconha por parte de quatro agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC).
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), o advogado, ao ter conhecimento da investigação, solicitou um mandado de segurança com objetivo de recuperar os celulares apreendidos com o motorista de caminhão que transportou a droga. O juízo da 8ª Vara Federal Criminal do Rio negou o pedido por entender que Leonardo não era titular do suposto direito violado, não sendo parte legítima no mandado.
Com a tentativa frustrada, o suspeito solicitou um habeas corpus para anulação o depoimento do motorista e devolução dos aparelhos. O advogado alegou que o condutor teve seu direito de locomoção cerceado pela Polícia Rodoviária Federal e pela PF, além de afirmar que o cliente teria sido compelido a prestar um depoimento falso. Por fim, sustentou que o motorista teria sido vítima de abuso de autoridade e teve a intimidade violada em razão do seu celular ter sido "vasculhado".
O juizado, no entanto, entendeu que Leonardo teve participação direta nos delitos cometidos pelos policiais civis, além do conhecimento total dos fatos, mas não questionou o Poder Judiciário em nenhum momento. Com isso, o advogado não teria agido na defesa dos interesses de seu cliente, mas sim com objetivo de embaraçar as investigações.
Leonardo e quatro policiais civis foram presos nesta quinta-feira. São eles: Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, Eduardo Macedo de Carvalho, Juan Felipe Alves da Silva e Renan Macedo Villares Guimarães.
De acordo com as investigações, um caminhão com 16 toneladas de maconha foi interceptado por policiais da DRFC na Rodovia Presidente Dutra e encaminhado à Cidade de Polícia. Na especializada, agentes teriam negociado, mediante ao pagamento de propina, a liberação da carga e a soltura do motorista. 
Após o combinado, duas viaturas da DRFC escoltaram o caminhão até os acessos da comunidade do Manguinhos, na Zona Norte, onde a carga foi descarregada por criminosos. A região é controlada pelo Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do estado.
A Polícia Federal também apura o envolvimento dos agentes em uma venda de 29 fuzis para uma organização criminosa. Na ocasião, o grupo teria exigido R$ 500 mil para liberar um integrante do Comando Vermelho (CV) que havia sido preso no Complexo da Maré, quando agentes resgataram um PM feito de refém por traficantes da região. Os criminosos, no entanto, pagaram R$ 100 mil, alegando que o restante seria repassado em outro momento.
Os policiais da DRFC, então, realizaram uma operação no Complexo da Penha e apreenderam 31 fuzis. Além disso, ainda teria se apossado de R$ 1,4 milhão dos criminosos. A equipe apresentou apenas duas armas e venderam 29 para integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP) que atuam em comunidades do Complexo da Maré e em Acari, na Zona Norte.
Após o início das investigações, os agentes foram removidos em conjunto da DRFC. De acordo com o MPRJ, essa medida é um indício de uma possível manobra para blindar os investigados e dificultar as investigações.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que "não faz manobras para blindar investigados ou embaraçar investigações".