Rio - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, prometeu aumentar o efetivo de equipes federais no Rio nesta terça-feira (24) após um dia de terror com diversos ataques criminosos na Zona Oeste, que ocorreu em represália a morte de Matheus da Silva Rezende, vulgo 'Faustão', sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, o 'Zinho'.
Nos ataques foram destruídos 35 ônibus, sendo 20 da frota municipal, cinco articulados do BRT, e outros 10 de turismo e fretamento. Em apenas um dia, a cidade teve o maior número de ônibus queimados de sua história, segundo o Rio Ônibus. O município chegou a ter 121 km de congestionamento, quase o dobro da média registrada nas últimas três segundas-feiras.
De acordo com Dino, ele, o secretário executivo Ricardo Cappelli; o secretário nacional de segurança pública, Tadeu Alencar; e o comandante da Força Nacional, coronel Alencar, irão se reunir com as superintendências da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, e também com as equipes dos governos estadual e municipal ainda nesta terça-feira (24). O anúncio foi feito nas redes sociais na noite de segunda (23)
"Estamos mantendo e ampliando operações diárias no Rio, no que se refere à competência federal, com realização de prisões, investigações, patrulhamento e apreensões. Vamos aumentar mais ainda as equipes federais, em apoio ao Estado e ao Município. Em um sistema federativo, temos que respeitar os demais entes da Federação e buscar ações convergentes, o máximo quanto possível", disse.
Dino reforçou que foi assim que o governo agiu em outros estados que atravessaram crises de segurança neste ano de 2023. "Teremos novas decisões nos próximos dias, sob orientação do Presidente Lula", finalizou.
Um dos fatores que motivou a liberação dos agentes foi uma investigação da Polícia Civil que revelou o treinamento armado, com táticas de guerra, de criminosos no Complexo da Maré, na Zona Norte. Além dos 305 homens, o Ministério destinou R$ 247 milhões como investimento para a segurança do Rio e 50 viaturas da Força Nacional.
Rio em estágio de mobilização
O município do Rio retornou ao estágio de mobilização, após o dia de terror causado pelos ataques na Zona Oeste, entre a tarde e a noite de segunda-feira (23). A cidade entrou em estágio de atenção às 18h40 de ontem, depois que criminosos atearam fogo em ônibus, um trem e carros de passeio. Segundo o Centro de Operações (COR), na manhã desta terça-feira (24), três vias ainda seguem com bloqueios por conta dos incêndios.
A ação dos criminosos afetou, principalmente, os bairros de Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra da Tijuca, Tanque e Campinho. Nestes locais, pneus também foram incendiados e serviram como barricadas para impedir a passagem das polícias Civil e Militar. Ao todo, doze suspeitos de envolvimento nos ataques foram presos e, segundo o governador do Rio, Cláudio Castro, serão encaminhados para presídios federais.
Morte de miliciano motivo ataques
A morte do miliciano 'Faustão' foi o que motivou os ataques na cidade do Rio de Janeiro. Matheus e outros milicianos da quadrilha de Zinho, apontado como um dos principais chefes da milícia no Rio de Janeiro, foi alvo de uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE). Durante um confronto com policiais, 'Faustão' foi baleado e socorrido pelos próprios agentes do Hospital Municipal Pedro II, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
O criminoso, além de ser sobrinho de Zinho, também era preparado para ser o sucessor do tio. Conhecido como 'senhor da guerra', ele é apontado pela Polícia Civil como responsável pela união do tráfico e milícia. Faustão também é acusado de envolvimento no assassinato do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e seu cunhado Maurício Raul Attalah, em agosto de 2022, na Estrada Guando Sapé, em Campo Grande.
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