Peterson pinoteou de presídioDivulgação
Justiça dá prazo de 48 horas para Seap esclarecer erro na soltura de miliciano
Peterson Luiz de Almeida foi posto em liberdade no domingo, apesar de a Justiça ter decretado sua prisão preventiva
Rio - O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) deu prazo de 48 horas para que a Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) esclareça as circunstâncias da soltura do miliciano Peterson Luiz de Almeida, vuigo 'Pet' ou 'Flamengo'.
"Oficie-se a Seap para ciência e providências, devendo informar a este juízo no prazo de 48 sobre liberação de Peterson Luiz de Almeida, apesar de estar com a prisão preventiva decretada. Sem prejuízo dê-se ciência ao Ministério Público com urgência sobre o ocorrido", informa o ofício.
No entanto, a Seap alega que não foi notificada oficialmente a respeito da determinação citada, mas se colocou à disposição para responder aos questionamentos. Enquanto a falha na comunicação se prolonga entre os órgãos, o TJRJ não soube responder se Peterson já pode ser considerado foragido do sistema penitenciário. O criminoso saiu pela porta da frente do Presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, neste domingo (29), apesar de ter tido a prisão temporária convertida em preventiva pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), na última quinta-feira (26).
Conhecido como Pet ou Flamengo, ele é apontado como uma das lideranças do grupo de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho. Pet foi preso em 30 de agosto, em uma ação da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco/MPRJ).
Seap afirma que tentou avisar TJRJ sobre soltura
Com a aproximação do fim do prazo de prisão temporária, a Seap informou que, em 25 de setembro, enviou pelo e-mail de uso regular entre os órgãos, um alerta sobre a situação do miliciano, "no qual sinalizava sobre a importância de uma decisão de conversão para prisão preventiva do custodiado, tendo em vista o seu histórico e a relação com o grupo responsável pelos episódios recentes de violência na cidade", explicou a Seap.
A pasta divulgou um Nada Consta emitido pela Polícia Civil no domingo e uma consulta ao Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça (BNMP/CNJ) que, até às 21h desta segunda-feira (30), não sinalizava a decisão. De acordo com a Seap, os documentos comprovam que no momento da soltura, não havia registro do pedido de conversão na Central de Mandados. Uma resolução de 2018 do CNJ aponta que a responsabilidade do cadastro de pessoa, expedição de documentos, classificação, atualização e exclusão de dados no sistema é exclusiva dos tribunais e autoridades judiciárias.
Ainda segundo a Secretaria, na noite de ontem, a Justiça informou que o comunicado da prisão preventiva do miliciano teria sido enviado para um e-mail que está desativado há cinco anos, apesar da Secretaria ter feito contato com a 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa da Capital por meio de outros endereços oficiais. Uma resolução de 2021 da Seap estabelece que só serão processados cumprimentos de ordem de soltura ou progressão de regime prisional, os documentos processuais eletrônicos recebidos por e-mails institucionais.
Quem é Peterson Luiz de Almeida
A milícia que Peterson pertence atua principalmente nos bairros de Sepetiba e Nova Sepetiba, na Zona Oeste do Rio. Ele foi denunciado pelos crimes de milícia privada e comércio ilegal de arma de fogo. A participação de Pet foi revelada a partir da continuidade das investigações sobre o grupo paramilitar, cujos líderes foram alvos da Operação Dinastia, deflagrada em agosto de 2022. De acordo com a denúncia, Flamengo negociava armas e planejava execuções de criminosos rivais do miliciano Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que sucedeu Wellington da Silva Braga, o Ecko, depois de sua morte.
As investigações do Gaeco apontaram ainda ligações de Peterson com os também milicianos Rodrigo dos Santos, conhecido como Latrell, e Matheus Rezende, o Faustão, sobrinho e sucessor de Zinho, morto no dia 23 de outubro, durante uma operação da Polícia Civil na comunidade de Três Pontes, em Santa Cruz. Em represália a morte do criminoso, a milícia promoveu uma onda de ataques na Zona Oeste e ateou fogo em 35 ônibus, um trem, outros veículos e estações do BRT da região.
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