Publicado 10/10/2023 06:38 | Atualizado 10/10/2023 19:49
Rio - As forças de segurança do Rio realizaram, na manhã desta terça-feira (10), a segunda fase da Operação Maré contra organizações criminosas que atuam no Complexo da Maré, na Zona Norte, e na Cidade de Deus, Zona Oeste. Cerca de 1000 agentes atuaram especialmente na Vila do João e Vila Pinheiro, região do centro de treinamento de guerra dos criminosos revelado por investigações da Polícia Civil. Os alvos da ação eram integrantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP). A ações prendeu três suspeitos presos e causou um prejuízo de R$ 6 milhões aos bandidos.
Durante as incursões, as equipes utilizaram drones com câmeras que fazem mapeamento de áreas em 3D e uma câmera com zoom de longo alcance com capacidade de reconhecimento facial e identificação de placas de veículos. O governador Cláudio Castro celebrou o resultado dos dois dias da megaoperação.
"A Operação Maré já resultou em um prejuízo de R$ 18 milhões para as facções criminosas. É uma forma importante de asfixiar estas facções criminosas que ameaçam a população do Rio de Janeiro. Estamos fazendo a nossa parte e vamos continuar fortalecendo nossas ações. Já investimos cerca de R$ 1,5 bilhão em segurança pública e não vamos parar por aqui. Hoje, conseguimos dar de volta aos moradores do Complexo da Maré o centro poliesportivo que foi utilizado pelos criminosos como treinamento de guerrilha e foi descoberto graças ao trabalho de inteligência das nossas polícias. Esse é só o começo", ressaltou o governador.
Segundo a Plataforma Onde Tem Tiro, OTT, tiros foram registrados por volta das 5h30 na Vila do João, altura da Linha Amarela. De acordo com o Governo do Estado, ao todo, os policiais do Bope e Core atuaram em 8 comunidades da Maré. A ação foi uma resposta às mortes dos médicos na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, que ocorreu na semana passada.
Segundo a Plataforma Onde Tem Tiro, OTT, tiros foram registrados por volta das 5h30 na Vila do João, altura da Linha Amarela. De acordo com o Governo do Estado, ao todo, os policiais do Bope e Core atuaram em 8 comunidades da Maré. A ação foi uma resposta às mortes dos médicos na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, que ocorreu na semana passada.
De acordo com a pesquisa Primeira Infância nas Favelas da Maré, publicada pela instituição da sociedade civil Redes da Maré no último dia 27, o TCP atua no Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro, Salsa e Merengue, Nova Maré, Conjunto Bento Ribeiro Dantas, Conjunto Esperança, Vila do João, Vila dos Pinheiros e Conjunto Pinheiros, somando 48,6% da população total.
Já a organização rival, o Comando Vermelho (CV), exerce o domínio sobre as favelas Nova Holanda, Parque Maré, Parque Rubens Vaz e Parque União. Juntas, as comunidades abrigam 38,7% da população total da Maré.
Enquanto um grupo miliciano difuso controla as favelas Parque Roquete Pinto, Praia de Ramos e Marcílio Dias, onde moram 12,7% da população do complexo.
Nas redes sociais, moradores comentarm ainda sobre a violência e o medo de andar nas ruas. "Mais um dia de operação no Complexo da Maré, mais um dia acordando com helicóptero, a gente não aguenta mais isso, a gente só pede paz", disse uma internauta.
Nas redes sociais, moradores comentarm ainda sobre a violência e o medo de andar nas ruas. "Mais um dia de operação no Complexo da Maré, mais um dia acordando com helicóptero, a gente não aguenta mais isso, a gente só pede paz", disse uma internauta.
Primeira fase da megaoperação
Nesta segunda-feira (9), a megaoperação prendeu nove criminosos, sendo seis com mandados de prisão em aberto e três em flagrante. Dentre eles, o PM Yuri Luiz Desiderati Ribeiro, de 36 anos, que foi preso em um caminhão na Avenida Brasil com 151 quilos de cocaína durante a operação no Complexo da Maré.
Além disso, foi apreendido 100kg de pasta base de cocaína em um galpão perto da Vila Cruzeiro, na Penha, e mais de meia tonelada de maconha e drogas sintéticas no Complexo da Maré. O prejuízo estimado para o tráfico foi de R$ 12 milhões.
Entre as drogas apreendidas foram encontradas ainda embalagens descritas como fentanil, substância é 50 vezes mais potente do que a heroína e mais forte que a morfina, que é responsável por grande parte das 100 mil mortes por overdose que ocorreram nos EUA em 2022.
A droga foi localizada na Nova Holanda, comunidade do Complexo da Maré. Se confirmado que se trata de fato de fentanil, essa será a primeira vez que a substância é apreendida no Rio.
Na região ainda foram retiradas de 14 ruas 29 toneladas de barricadas. Dentre o armamento apreendido havia 1 fuzil 7.62, uma arma falsa, dezenas de artefatos explosivos e diversos rádios comunicadores e 33 veículos, entre motos e carros.
A droga foi localizada na Nova Holanda, comunidade do Complexo da Maré. Se confirmado que se trata de fato de fentanil, essa será a primeira vez que a substância é apreendida no Rio.
Na região ainda foram retiradas de 14 ruas 29 toneladas de barricadas. Dentre o armamento apreendido havia 1 fuzil 7.62, uma arma falsa, dezenas de artefatos explosivos e diversos rádios comunicadores e 33 veículos, entre motos e carros.
Clínicas e escolas fechadas
De acordo com a Secretaria de Estado de Educação, até o momento, duas escolas precisaram ser fechadas na região.
As clínicas da Augusto Boal, Adib Jatene, Diniz Batista dos Santos, juntamente, do centro municipal de saúde Vila do João também acionaram o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspendeu o funcionamento na manhã desta terça-feira (10).
Centro de treinamento do tráfico
Centro de treinamento do tráfico
No fim de setembro, investigações da Polícia Civil apontaram que criminosos do Complexo da Maré, na Zona Norte, uma das maiores favelas do Rio com 16 comunidades, realizam treinamentos armados com táticas de guerra. O levantamento foi feito pela 21ªDP (Bonsucesso) nos anos de 2021 e 2022.
Ainda segundo as investigações, a região estrategicamente localizada próxima às principais vias expressas do Rio, incluindo as Linhas Vermelha e Amarela, bem como a Avenida Brasil, e no caminho para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, tem se tornado alvo de cobiça por parte de organizações criminosas que buscam controlar o território para facilitar a distribuição de drogas e armas para várias partes do estado.
Na Vila do João, foi descoberta uma extensa área de lazer criada pelo tráfico, equipada com piscina olímpica, área de churrasco coberta, campo de futebol e camarote para eventos. O espaço era utilizado para o lazer das lideranças criminosas, suas famílias e convidados, reuniões da facção e, para treinamentos operacionais de soldados do tráfico.
Em um dos eventos, um dos líderes do tráfico aparece no local com uma Range Land Rover, modelo velar, avaliado em mais de 500 mil reais. Semelhante aos demais criminosos que se utilizam desses modelos de veículos roubados de grande porte no interior da comunidade.
Outras gravações mostraram cerca de 17 soldados do tráfico participando de treinamentos ministrados por instrutores que demonstravam profundo conhecimento em táticas operacionais. De acordo com informações da inteligência da DP, comunidades ligadas à mesma facção também receberam treinamentos similares em táticas operacionais naquele local, expandindo assim o conhecimento para diversas comunidades no Rio.
Estes treinamentos ocorriam tanto durante o dia quanto à noite, envolvendo o uso de fuzis e explosivos, simulando a progressão na região, confrontos armados e outras técnicas militares.
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