Concessão assinada pelo prefeito Eduardo Paes prevê investimento de mais de R$ 110 milhões em melhorias no parqueBeth Santos/Prefeitura do Rio

Rio - O contrato de concessão do Jardim de Alah, entre os bairros de Ipanema e Leblon, na Zona Sul, foi assinado nesta quarta-feira (8), entre a Prefeitura do Rio e o Consórcio Rio + Verde. O vencedor da licitação ficará responsável pelo investimento de mais de R$ 110 milhões em melhorias no parque e R$ 20 milhões por ano em manutenção e operação ao longo do contrato de 35 anos. O local vai continuar sendo público, com acesso gratuito, e terá aumento de 30% em áreas verdes, incorporando espaços onde hoje ficam carros estacionados.
Com o contrato assinado, o consórcio - formado pela Accioly Participações, Grupo DC-Set, Opy Soluções Urbanas e Pepira - terá prazo de cerca de seis meses para o processo de licenciamento do projeto, que terá que respeitar todas as regras ambientais e de patrimônio. A expectativa é entregar as obras do parque renovado no segundo semestre de 2025. Serão 93,6 mil m² de área renovada, com a retirada de muros; recuperação de jardins com o incremento de 40% das espécies de árvores; implantação de ciclovias, novos parcão e creche com 1,2 mil m², duas quadras poliesportivas, ginásio multiuso, espaço para crianças de zero a 4 anos com brinquedos e pisos específicos e área para a terceira idade com equipamentos de ginástica e mesas de jogos. 

"É inaceitável ter entre dois bairros tão cariocas, valorizados e democráticos, uma fratura como é o Jardim de Alah. Essa é uma mudança histórica para a cidade, vamos integrar ainda mais os dois bairros e criar mais um espaço público de qualidade na cidade. É uma concessão privada, mas um parque que vai manter sua dimensão pública. A Cruzada São Sebastião e os moradores não usam aquele espaço, então eles não se encontram. É bom que se encontrem e frequentem juntos. A cidade que tem crianças no espaço público é uma cidade segura, mais bem cuidada", afirmou o prefeito Eduardo Paes. Também entre as mudanças, estão três novas passagens de pedestres, que farão a interligação dos lados do canal, e a tradicional área para jogar bocha será mantida e reformada.

"Estamos virando mais uma página nesse processo. Hoje é um marco importante com a assinatura do contrato. Optamos por fazer uma licitação que fosse de técnica e preço, cujo objetivo era ter a possibilidade de escolher o melhor projeto. A comissão avaliou com profundidade os quesitos e escolheu o Consórcio Rio + Verde. Passamos por consulta pública, audiência pública e todas as etapas de um processo licitatório. E incorporamos ao projeto várias sugestões que vieram da audiência pública, como a inclusão de uma creche e a escola ao lado poder usar a área de lazer. Também teremos o acompanhamento das obras por uma comissão formada por integrantes das associações de moradores - disse o secretário de Coordenação Governamental, Jorge Arraes.

O valor da outorga paga ao município foi de R$ 18,4 milhões pelo consórcio vencedor, formado pelas empresas Accioly Participações, Grupo DC-Set, Opy Soluções Urbanas e Pepira. A expectativa dos arquitetos responsáveis pelo projeto, Miguel Pinto Guimarães e Sergio Conde Caldas, é promover o resgate do parque, que também contará com trechos comerciais e pelo menos seis restaurantes de diferentes especialidades.

"Temos uma responsabilidade enorme. Acreditamos que, muito mais importante do que entregar um espaço público para a cidade, será manter esse espaço ao longo de 35 anos. Somos mais um parceiro para o poder público, contribuindo de uma forma importante para a cidade. Trata-se de um projeto de inclusão social, de lazer, entretenimento em uma área com grande visibilidade na cidade", declarou o presidente do Consórcio Rio + Verde, o empresário Alexandre Accioly. 

Desde o início dos estudos de viabilidade, foram realizadas reuniões com moradores dos bairros de Ipanema e Leblon sobre o projeto. O prefeito Eduardo Paes recebeu representantes do entorno do Jardim de Alah em uma reunião no dia 25 de agosto de 2022 para ouvir reivindicações e, no dia 17 de janeiro deste ano, em uma audiência pública na Universidade Cândido Mendes, a população compareceu para apresentar propostas. Os documentos referentes ao processo foram disponibilizados em Consulta Pública, entre outubro e novembro do ano passado, para garantir a participação de interessados no projeto.
Ao todo, foram 64 contribuições analisadas pelo corpo técnico da Prefeitura do Rio, das quais foram incorporadas a construção de uma nova creche no local e a obrigatoriedade de um estudo de impacto sonoro. A proposta do projeto é trabalhar em acordo com as paisagens tanto natural quanto construída da área, respeitando a escala dos bairros, a proximidade com as orlas da praia e da Lagoa e criando normas específicas de ordenamento e de melhorias do Jardim de Alah. A revitalização prevê uma área verde mais ampla que, somando-se as árvores existentes às mais de 200 previstas no paisagismo, irá colaborar para a redução das ilhas de calor.

"Esse projeto nasceu em 2015. O Jardim de Alah é uma área de lazer importante para a cidade. Estudamos os motivos de aquele local, historicamente, nunca ter cumprido sua função social. Além disso, o parque tem uma função muito importante que é o de ser o elemento de ligação urbana entre dois bairros da importância de Leblon e Ipanema e também da Lagoa e da praia. Esse cruzamento, tanto transversal quanto longitudinal, tem de estar no projeto de urbanismo e arquitetura para que esse parque cumpra a sua função de transição e permanência. Queremos trazer as pessoas para o parque, trazer vitalidade para o local. Ele está abandonado porque não tem atrativos", disse o arquiteto Miguel Pinto Guimarães

A proposta social conta com parcerias como os clubes Flamengo, Vasco e Botafogo, além da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a NBA - principal liga de basquetebol profissional da América do Norte - e a escola Tablado. O objetivo é promover um trabalho contínuo de inclusão para que crianças e jovens em vulnerabilidade dos bairros vizinhos, em especial da Cruzada de São Sebastião, possam usufruir com tranquilidade o novo equipamento urbano. As associações irão se integrar ao projeto criando um ecossistema cultural e esportivo ao longo da orla da Lagoa Rodrigo de Freitas.

O projeto prevê ainda a criação de um Parque de Esculturas a céu aberto que tem como objetivo fomentar o desenvolvimento cultural da cidade. Ao todo, serão 40 instalações a serem comissionadas anualmente ao longo da concessão, alternando artistas de renome internacional, nacional e periféricos. As obras serão escolhidas por um conselho curador formado por Vik Muniz, Beatriz Milhazes, Leando Vieira, entre outros. A potência do projeto artístico elaborado inscreverá imediatamente o novo parque no circuito internacional das artes plásticas, contribuindo para a criação de um novo cartão-postal da cidade.