Delegada Mônica Areal, da Deam de Nova IguaçuRenan Areias/Agência O DIA

Rio - Adriana de Souza da Silva foi presa em flagrante e outros dois adolescentes foram apreendidos, nesta quarta-feira (8), por armazenarem imagens do estupro de uma menor de 15 anos. A prisão foi feita por policiais civis da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Iguaçu. Além deles, Elivelton da Silva Amorim, um dos acusados de praticar o estupro, também foi capturado.
Segundo as investigações, Elivelton e um outro homem teriam abusado da menor de idade enquanto ela estava desacordada. Além disso, eles filmaram o ato e compartilharam em redes sociais. Diante dos fatos, a autoridade policial pediu a prisão do homem por estupro de vulnerável e por divulgar as imagens do abuso. O outro autor já foi identificado e segue foragido, acusado dos mesmos crimes.
A adolescente esteve na Deam na tarde desta quarta-feira (8), onde prestou um novo depoimento, desta vez a uma policial especializada em casos como este. 
Depoimento da dona de casa
Mais cedo, antes de ser presa, Adriana, dona da casa onde ocorreu o crime, disse em depoimento que soube do crime apenas dois dias depois e que não estava em casa no momento do estupro. Segundo ela, a vítima estava praticamente morando na sua residência há cerca de duas semanas.

"Eu não participei de nada, eu apenas tive a caridade de colocar essa menina dentro da minha casa por ser amiga da minha filha, esse foi meu único erro", disse.

No dia anterior ao crime, na quinta-feira da semana passada (2), Adriana disse que a menina chamou um amigo em comum das duas, que seria um dos suspeitos de cometer o estupro, para a casa dela. A dona da casa e esse amigo, maior de idade, teriam ingerido seis latas de cerveja e depois o rapaz teria ido embora.

No entanto, Adriana disse que saiu para trabalhar por volta das 4h do dia seguinte e deixou a filha e a amiga em casa, sem imaginar que elas teriam chamado este e outros meninos para o local após sua saída.

"Eu não imaginava que ela ia levar eles para dentro da minha casa, depois disso eu não sei mais o que aconteceu. Eu só soube dois dias depois, a mãe dela vivia falando que a filha dela não prestava. Eu não estava lá em nenhum momento, ela estava na minha casa há quase duas semanas e a mãe dela o tempo todo falando para eu tirá-la da minha casa", disse.

A dona da casa culpou a vítima pelo ocorrido e pediu para que o nome dela fosse retirado da história, pois alega não ter tido conhecimento do caso no momento em que foi consumado.
"Ela pegou minha confiança e destruiu a minha vida nessa brincadeira que ela aprontou na minha casa. Meu ex-marido pegou meu filho e os documentos, eu corro risco até de perder meu filho na Justiça por causa disso. Eu quero que ela tire meu nome desse meio, meu único erro foi colocar ela na minha casa, e eu bebi porque sou de maior, porque estava dentro da minha casa. Eu bebi só quatro latas e não duas caixas como ela falou. Eu sou pai e mãe dos meus filhos", afirmou.
Crime foi comprovado
Segundo a delegada Monica Areal, não há dúvidas sobre o crime de estupro de vulnerável e da inconsciência da vítima. "Não tem justificativa, ela tem 15 anos. A partir dos 14 anos ela pode ter relação sexual, mas a partir do momento que ela não tem chance de dizer sim ou não, ela se encaixa no estupro de vulnerável. A vítima nesse caso é um neném porque ela não consegue ter discernimento. No vídeo ela leva tapas fortes na cabeça e não se mexe. E eles ainda brincam e debocham: 'Ela tá morta?'. Ou seja, ele tinha total consciência de que ela não podia falar sim ou não pra ele", explicou.
Em relação a Elivelton, ela disse ainda que o suspeito tentou se esconder ao não fornercer o endereço exato de onde morava. "Ele estava se escondendo e, para não fornecer o endereço certinho, disse que não ia ficar em casa por medo da milícia e do tráfico. Depois disso ele tentou ir às redes sociais para tentar se justificar, mas nesse caso não tem justificativa. Nós temos a prova de que a vítima estava completamente desacordada", frisou.
Nas redes sociais, a adolescente relatou o crime e explicou que ficou inconsciente após ingerir bebida alcoólica. Já os envolvidos negam as acusações e apontam que a relação teria sido consentida, mesmo após os vídeos comprovarem o contrário. A vítima acredita ainda que a ação foi planejada. Ela acusa dois homens, Elivelton, 20 anos, e um outro rapaz, de 22 anos, de terem cometido os abusos. A menina afirma também que os amigos não tentaram impedir o estupro. Segundo as investigações, o crime foi filmado e divulgado mais de 30 vezes nas redes sociais.

"Além de fazerem isso comigo, eles não atingiram só meu corpo, atingiram meu psicológico. Meu corpo está exposto, fico constrangida porque tá todo mundo passando olhando pra mim na rua, isso é muito feio, nunca aconteceu isso comigo, nunca fui conhecida por isso, não quero ter mídia, só quero minha vida de volta", disse a adolescente.
Na segunda-feira (6), Elivelton se manifestou nas redes sociais e disse que o caso foi uma 'brincadeira' que passou dos limites. Sobre os depoimentos nas redes sociais, a delegada Mônica Areal esclareceu que a Polícia Civil tem comprometimento com a lei e se baseia em provas, fatos e não por meio de posts na internet.

"A vítima e o agressor tentaram resolver tudo na rede social, mas não adianta, a Polícia Civil tem comprometimento com a lei, não com likes. Nós analisamos as imagens e vimos que ele é culpado de estupro de vulnerável", explicou.
Investigações continuam
Na terça-feira (7), mais testemunhas prestaram depoimentos e confirmaram a versão da vítima. Ainda de acordo com a delegada, as investigações continuam para esclarecer mais crimes como o ato de filmar e oferecer bebida alcoólica à vítima menor de idade.

"O principal crime é o estupro de vulnerável, mas eu falo para quem tá julgando a vítima que as cenas são deprimentes e dói em qualquer mulher", disse.

Elivelton vai ser encaminhado ao sistema prisional e em seguida passará por audiência de custódia. O outro suspeito está foragido e desativou todas as redes sociais após o caso.