Rio - O Sambódromo, que completa 40 anos em 2024, não contará com um de seus personagens mais marcantes no ano que vem. Ícone dos desfiles da Estação Primeira de Mangueira, o passista Sérgio Murilo Rosa, mais conhecido como Serginho do Pandeiro, de 63 anos, teve sua morte anunciada pela diretoria da agremiação, na manhã desta quinta-feira (30), após sofrer uma parada cardiorrespiratória.
O sambista, que era diabético, estava vindo de Minas Gerais para o Rio quando passou mal e precisou ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sarapuí, em Duque de Caxias, na Baixada, mas não resistiu.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Caxias informou que Serginho deu entrada na unidade às 2h32 desta quinta-feira, com relato de dor no peito, na região à frente do coração. "Foram realizados eletrocardiograma e exames laboratoriais que detectaram infarto agudo do miocárdio. O paciente foi prontamente atendido na sala vermelha da unidade e, durante o atendimento, apresentou piora da dor e rebaixamento do nível de consciência em consequência de arritmia, levando à parada cardiorrespiratória. Foram feitas manobras de ressuscitação cardiopulmonar, durante 30 minutos, sem sucesso. O óbito foi constatado às 6h52", detalhou o comunicado.
Trajetória
Serginho chegou na Verde e Rosa no carnaval de 1989, "Trinca de Reis", e entrou para a história como um dos sambistas mais talentosos do Carnaval, por conta da habilidade nos passos e nos malabarismos que fazia com o pandeiro. Era sempre muito aguardado no alto do último carro alegórico do desfile, encantando o público da Marquês de Sapucaí. O premiado passista também se apresentava em shows pelo mundo.
"A Mangueira, em nome da presidenta Guanayra Firmino e sua diretoria, lamenta a morte e deseja força para família e os amigos neste momento. Serginho do Pandeiro brilhará sempre no céu verde e rosa", publicou a agremiação nas redes sociais.
O ator, autor e diretor Gustavo Gasparani, que também é passista da Mangueira, lamentou a perda. "Muito triste a partida de Serginho do Pandeiro. Além do talento indiscutível, ele dava uma visibilidade enorme à dança do passista que, atualmente, está sem espaço no desfile das escolas de samba. Que mais escolas deem aos seus passistas lugar de destaque para evoluirem com graça e originalidade", disse Gasparani, que é, ainda, pesquisador de Carnaval e autor de livros sobre a história de agremiações e de compositores ilustres.
Com passagens por Vila Isabel e Mangueira, a premiada passista Aldione Sena também se manifestou. "É uma grande perda para o Carnaval. Serginho era um grande amigo, uma pessoa maravilhosa. Trabalhamos juntos. Estou em choque, sem acreditar. Que Deus o receba no reino da glória. Nós ficamos aqui com a saudade, com a lembrança daquele sorrisão dele, do pandeiro girando, voando no alto", exaltou a veterana, vice-presidente da Associação dos Passistas Brasileiros Ciro do Agogô (APASB).
"A Mangueira perde um grande fruto da sua árvore. Uma pessoa que não era nascida e criada no morro da Mangueira, mas que defendia com unhas e dentes. Hoje, a Mangueira chora muito essa perda. Com certeza, o time aqui de baixo enfraqueceu, mas o de lá de cima foi fortalecido", declarou Elmo José dos Santos, diretor de Carnaval da Liesa e ex-presidente da Mangueira.
Serginho será sepultado nesta sexta-feira (1º), às 15h30, com velório marcado para às 13h30, no Cemitério Vertical Memorial do Rio, em Cordovil, Zona Norte do Rio.
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